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Um pouco de história 09/02/2024

O nosso Estado, o Rio Grande do Sul, foi formado a “falta de cavalo”, e a base econômica na grande maioria dos anos a sua existência foi a pecuária.
Passados muitos anos, a pecuária sede espaço gradativamente para outros segmentos da economia. Até aí tudo normal, a diversificação quando orientada em bases técnicas sempre produz avanços e benefícios.
Infelizmente a pecuária através dos anos, tem recebido um tratamento inadequado pelos governantes que por aqui passaram e a mesma sobrevive aos “trancos e barrancos” e mais pela vontade e tenacidade do homem do campo.
O principal problema tem sido a falta de planejamento, o setor é tocado ao sabor dos humores imediatistas, e na maioria das vezes os programas criados visam mais angariar votos, e contrapõem-se aos ditames técnicos.
Desta forma tomando-se por base a nossa região, pode ser assinalado que convivemos com várias fases ou ciclos inicialmente criação de bovinos de forma extensiva, depois exploração da madeira, momento em que foram dizimadas grandes áreas de mata virgem repletas de araucárias, e o pior, as verbas oriundas da venda destas madeiras foram aplicadas em outras regiões, ficando por aqui somente os rastros do desmatamento e as carcaças das serrarias abandonadas. Inicia-se então a agricultura em grande escala, fomos produtores de trigo, plantamos mourisco, o qual foi tratado como a solução e a redenção, o garantidor de um futuro promissor. Até que chegamos ao cultivo da soja, uma monocultura que torna a cadeia produtiva totalmente dependente da Bolsa de Chicago, a qual determina os preços do grão, e dos insumos.
Baseados nestes sonhos, cercas e aramados foram arrancados, banheiros carrapaticidas, mangueiras, bretes foram destruídos, enfim toda ou a maioria da estrutura para o desenvolvimento da pecuária chegou ao fim.
Não deve ser esquecido que a maior parte do rebanho bovino de alto valor genético foi abatido e vendido nos açougues. Um significativo rebanho ovino com aptidão para produção de carne aqui também foi criado, chegamos a proclamar que éramos “a capital nacional do ovino tipo carne”, tudo sumiu.
Ouvi e não faz tanto tempo a afirmativa em alto e bom som, “no meu campo, na minha propriedade, gado não faz rastro”.
Vamos deixar muito claro, não somos contra a agricultura, somos contra a forma como teve seu início, como foi orientada, e a favor da associação técnica agricultura e pecuária. A nossa Lagoa Vermelha chegou a ter nos seus campos um rebanho bovino com aproximadamente 120 mil cabeças e 25 mil ovinos, hoje o primeiro está reduzido para mais ou menos 30 ou 35 mil cabeças e os ovinos quem sabem atinjam 2500.
A grande verdade é que se a nossa produção primária tivesse aceitado as ditames da orientação técnica, poderíamos ter explorado a riqueza chamada madeira de uma forma racional, e com a implantação da indústria moveleira naquela época sem a necessidade de importar como atualmente, mão de obra e materiais para produção.
Sintetizando, usando a mesma área somente com o aproveitamento das sobras da agricultura, nós teríamos plenas condições de manter um rebanho maior do que aquele que antes foi criado nestas paragens.

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