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Lula apoia a “democracia” da Venezuela 08/03/2024

Uma das pessoas mais felizes do mundo com o retorno de Lula ao poder foi, sem dúvida, Nicolás Maduro, ditador da Venezuela. Ao final de 2022, com a vitória de seu amigo, ele transparecia estar radiante, satisfeito e com boas expectativas do impulso que o novo governo do PT poderia conferir a seu regime. Ao contrário do governo de Jair Bolsonaro, que manteve uma posição crítica ao tal “socialismo do século XXI” que rege a vida dos venezuelanos, Lula seria um “parceiro”, um grande “aliado”.
Dito e feito.
Hoje, infelizmente, junto com o regime autocrático da Rússia e teocrático do Irã, somos os principais apoiadores de Maduro. Trata-se de uma vergonha internacional esse nosso alinhamento, sob o pretexto de que não deve haver isolamento de países do nosso continente. Na verdade, essa aproximação entre Brasil e Venezuela é presidida por demandas ideológicas, com a velha união de governantes que ainda acreditam em fracassadas teses marxistas.
Lula faz de tudo para passar pano para a Venezuela. E sob hipótese alguma chama o regime de Maduro daquilo que ele é: autoritário, corporativista, anti-liberal, sem o exercício da liberdade de escolha por parte dos indivíduos e tolhimento cotidiano de seus direitos civis. O petista já chegou a dizer que a Venezuela, sob maduro, e antes, sob Hugo Chavez, é uma democracia porque há muitas eleições. Trata-se de uma profunda cegueira ideológica, obviamente.
Há, sim, eleições na Venezuela. Os venezuelanos votam, sim. Porém, há um grande detalhe: as disputas não são competitivas. Agora mesmo isso está acontecendo: o principal nome da oposição para a disputa presidencial, a ex-deputada María Corina Machado, foi cassada de seus direitos políticos pelo tribunal superior de justiça do país que é, não por acaso, controlado pelo regime de Maduro. 
Quem tem alguma chance de derrubar o regime bolivariano é, antes, neutralizado pela estrutura montada para a perpetuação de Maduro no poder, até a sua morte. Mas Lula, conforme disse dias atrás, acha isso normal.
É, repito, uma vergonha que o Brasil, e sua diplomacia, se alinhem a esse tipo de regime e que não pressionem por abertura política na Venezuela, pela realização de eleições livres, limpas, sem as fraudes realizadas pelo regime, e competitivas.

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