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Nosso passado pastoril 19/04/2024

Nosso município, emancipado em 1881 de Vacaria, desenvolveu-se durante suas primeiras décadas a partir de uma economia baseada fortemente na atividade pastoril e pecuária. O orçamento de Lagoa Vermelha para o ano de 1894, por exemplo, previa que 54% das receitas municipais seriam provenientes de taxas e impostos envolvendo animais.
Praticamente tudo relacionado a gado, cavalo e mula era taxado. Cada gado, cavalo ou muar existente no município pagava um imposto no valor de 100 réis, se a rês fosse abatida para consumo a taxa era de um real, assim como custava três réis para que os proprietários colocassem uma marca e registrassem cada um dos animais. Mulas de carga em serviço de frete pagavam, por sua vez, cada uma, 300 réis de imposto. Para ser vendida para outro município, cada cabeça de gado, cavalo ou besta era taxada em um real e 200 réis para o gado de corte que fosse exportado para além dos limites de Lagoa Vermelha.
As projeções de receitas contidas no orçamento indicavam que existia no município um rebanho de 50 mil cabeças de gado vacum, muar e cavalar no final do século XIX. Mulas utilizadas para o trabalho de frete eram ao menos 300. E a projeção era de que fossem exportados para outros municípios mil gados de corte.
Um dado, por fim, chama a atenção. A intendência (como chamava-se a prefeitura da época) cobrava 1$ (um real) por cada animal exportado para outro município gaúcho. A estimativa de receita para essa rubrica era de um conto de réis. Feitas as contas, chega-se ao número de um milhão de cabeças de gados, mulas e cavalos exportados de Lagoa para outras localidades. Saliente-se, no entanto, que o rebanho do município era de 50.000 animais. Talvez todos os animais que cruzassem o município pagassem esse imposto, o que poderia explicar essa projeção de um milhão de cabeças exportadas. Lagoa Vermelha possuía pedágios nas travessias do rio Pelotas (no Barracão) e no rio das Antas.

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