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Golpe ou quebra-quebra? 19/01/2024

Com grande alarido, o presidente Lula organizou um evento para relembrar o dia 8 de janeiro de 2023. O governo alegava que não se tratava de uma cerimônia partidária ou ideológica, mas sim de defesa da democracia atacada um ano atrás. Estavam nesse evento todos aqueles que se auto-intitulam os verdadeiros defensores do regime democrático, a começar pelos ministros do Supremo Tribunal Federal, passando por dirigentes petistas e políticos de partidos marxistas como PCdoB e PSOL, além, é claro, dos ditos movimentos sociais de esquerda que funcionam como satélites e correias de transmissão das teses do PT.
Os discursos foram os mais comoventes, sempre passando a impressão de que a democracia, em razão da invasão das sedes dos Três Poderes, esteve ameaçada naquele dia. E que ela apenas não ruiu porque os seus verdadeiros defensores agiram decisivamente. Há muito jogo de cena aqui, principalmente dos petistas. 
O PT é um partido socialista, e isso está escrito em seu programa, de tal sorte que sempre foi crítico da democracia representativa porque ela expressa um caráter burguês. A erosão da democracia representativa é a meta de partidos socialistas para que, em fase posterior, estabeleça-se a ditadura do proletariado sem as instituições políticas capitalistas. Os deputados do PT, durante a Assembleia Nacional Constituinte, sequer assinaram o texto final da Constituição de 1988 porque, pasmem, ela estabelecia instituições políticas e econômicas burguesas. É preciso relembrar essas coisas para não triunfar a narrativa de que o PT é o grande baluarte da democracia brasileira. A memória sempre precisa ser invocada nestes momentos. 
A outra máxima do petismo é a de que o 8 de janeiro consistiu em um golpe de estado. As pessoas que para lá foram arrebentar com os prédios públicos possuíam o intuito de subverter as instituições democráticas, instituindo um regime de força. Não apontou-se, no entanto, o líder dessa tentativa de golpe, nem se disse se as Forças Armadas estavam envolvidas. Pura ilação. Aliás, no início do ano uma pesquisa do instituto AtlasIntel revelou que apenas 18,8% dos brasileiros opinam no sentido de que o 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe. A cada dez brasileiros, dois pensam dessa forma. A maior parte acha que foram outras razões.
Na minha opinião, o que ocorreu foi um quebraquebra generalizado de gente fanatizada. Os autores das depredações precisam ser punidos, como já estão sendo. A Esplanada dos Ministérios, o Congresso Nacional e o STF já foram alvos de vários episódios de depredações patrocinadas por grupos como MST ou indígenas instrumentalizados por partidos e movimentos sociais. E nunca deu em nada. Todos sempre impunes. A diferença em relação aos 8 de janeiro é que seus autores conseguiram ser presos e fichados aos balaios. E, também, porque são identificados como de “direita”. 

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