COLUNISTAS

A era moderna ou modernizando a era 12/05/2023

Há pouco tempo atrás, falávamos em era moderna, em inovações, em tecnologia. Nos dias atuais, podemos afirmar que esse termo se inverteu: a era moderna já chegou e está muito mais forte do que se esperava. 
Essa afirmação se justifica principalmente pelo fato de a Inteligência Artificial (IA), estar em crescimento significativo nos últimos anos, mudando diversos setores da economia e da sociedade. 
Desde que foi criada, mais precisamente na década de 50, a inteligência artificial passou por várias formas de desenvolvimento, e também, alternando entre momentos de avanço acelerado e outros mais lentos. Fato é que desde o início do século XXI, esse crescimento tem se dado de forma tão intensa que é chamada de Quarta Revolução Industrial. 
Quando sua exploração começou, era disponibilizada mais precisamente ao meio acadêmico para pesquisas, a cientistas e engenheiros. Nos dias atuais, está disponível nas mais diversas áreas, desde a saúde até transporte, destacando-se como uma tecnologia que permite as máquinas desenvolverem ou superarem a inteligência humana, aprendendo, raciocinando, planejando e até mesmo tomando decisões baseada em dados. Haja vista o chat GPT cujo qualquer pessoa tem acesso. 
Em se tratando da área de vendas, a inteligência artificial é muito útil na análise do comportamento do consumidor, identificação das oportunidades de vendas, gerenciamento de estoques e otimização das compras. 
No segmento de  transporte, é utilizada para melhorar a eficiência do tráfego, reduzindo congestionamentos e melhorando a segurança nas estradas. 
Na área de marketing, busca melhorar a segmentação de público-alvo, oferecendo recomendações personalizadas de produtos e serviços. Gerencia campanhas publicitárias, otimiza o conteúdo de um site para que o usuário que navega tenha um melhor aproveitamento. 
Já, no que diz respeito a medicina, está sendo utilizada no auxílio de diagnósticos e tratamentos de doenças, identificação de padrões em grandes conjuntos de dados médicos, além de encontrar novos tratamentos e terapias. 
Há ainda uma, senão das maiores, influências da inteligência artificial na área de engenharia, onde esta é utilizada para projeto e sistemas complexos, como sistemas de transportes públicos de longa distância e redes elétricas, abrangendo também a automação de muitas micro áreas de um sistema fabril. 
Mesmo com todos esses benefícios, pairam dúvidas sobre quais consequências poderá trazer, sendo uma das principais e até já vivenciada: o impacto no mercado de trabalho. Algumas profissões estão sendo substituídas pela inteligência artificial, através de máquinas e sistemas, o que pode trazer  um aumento (maior ainda) de desemprego e desestruturação social.
Mesmo com a criação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), aliás, um dos vieses do surgimento desta foi a própria inteligência artificial, muitos dados que outrora eram privados, podem tornar-se frágeis a ponto de serem obtidos de alguma forma.  
Sancionada a Lei nº 13.709 (Lei Geral de Proteção de Dados - LGPD), entrou em vigor em setembro de 2020 e estabelece um conjunto de regras para coleta, tratamento, armazenamento e compartilhamento de dados pessoais. Teve sua referência na norma europeia de Proteção de Dados (GDPR - General Data Protection Regulation).
Parte do ponto em que os dados pertencem ao seu titular e não às empresas que os coletam, armazenam ou tratam, logo, a lei coloca em destaque a proteção da  privacidade e a necessidade de transparência e uso adequado dos mesmos. O objetivo principal da lei, é regular a utilização dos seus dados pelas empresas, estabelecendo princípios gerais de proteção, privacidade, transparência e tratamento adequado dos seus dados.
Exemplo disto, é o fato de hoje qualquer cidadão brasileiro ter a necessidade de cadastrar-se na plataforma gov.br, onde a mesma é mensurada através dos níveis bronze, prata e ouro, sendo que, para avançar de uma para outro, o indivíduo deve fornecer o maior número de informações possíveis. 
De qualquer forma, a inteligência artificial depende de um conjunto de dados e informações  para funcionar corretamente, o que expõe questões sobre como esses dados estão sendo coletados, armazenados e usados. 
Não bastasse essa questão, a inteligência artificial pode ainda embasar situações em que se criem discriminações, principalmente quando utiliza dados históricos como referência. Para que isso não ocorra, deve haver um cuidado especial para que os algoritmos, por exemplo, os mesmos utilizados em redes sociais, sejam criados de forma imparcial, ou seja, sem tendências de apontar para um ou outro lado, de acordo com o assunto que se está trabalhando. 
Aqui encontra-se a importância de um envolvimento total, ou seja, governo, sociedade e demais órgãos, para que as regras e limitações sejam criadas de maneira robusta e justa, sem que haja prejuízos a quaisquer das partes. 
Por fim, não há dúvidas de que a inteligência artificial já é real e um avanço que facilitou muitas situações, mas não podemos nos abster de que suas consequências também estão aí, e devemos ficar atentos a forma como se comportam, de maneira que não haja mais prejuízos ainda, sejam estes no âmbito social, financeiro, ou qualquer outro. 

Outras colunas deste Autor