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Estâncias gaúchas 09/02/2024

A estância gaúcha foi criada em 1634, pelo padre jesuíta Cristóbal de Mendonza que trouxe da Argentina mil cabeças de gado bovino. 
Este gado foi distribuído em "estâncias". Algumas ficavam distantes das Missões, como a de Santa Tecla, hoje no município de Bagé. 
Por essa razão, os índios foram treinados para andar a cavalo, e passaram a ser chamados de "vaqueros". 
Expulsos os jesuítas, muito gado ficou por aqui e o branco - espanhol ou português - foi se abandonando de tudo, organizando as suas próprias estâncias. 
E já registrando "marca" e "sinal", como persiste até hoje.
  Essas primeiras estâncias tinham como limites rios, montes, matos. Os jesuítas também mandavam os índios escavar extensos valos, para delimitar áreas de campo, como os que existem ainda hoje na estância Guabijutujá, em Tupanciretã. 
Depois, com os escravos, vieram as cercas de pedra. Já na metade do século XIX aparece a cerca de arame, fazendo a divisa de potreiros, invernadas e postos.
  A estância gaúcha tradicional se compõe das casas, onde mora o proprietário com sua família, a do capataz, e o galpão que é da peonada, onde havia trabalhadores especializados domadores, alambradores, tropeiros, peão caseiro, guasqueiro, entre outros. 
  No galpão cada peão tem o seu catre, tarimba ou cama (hoje em dia, beliche) e aonde sempre arde um fogo-de-chão para a roda do mate ou algum churrasco.
  As mangueiras, que podem ser de pedra, de arame, de tábua ou de varejão (troncos) incluem a mangueira grande, o curro, o tronco e os bretes, são os currais para encerrar o gado em determinados trabalhos. 
E, quase sempre, o banheiro, que é grande para o gado (vacuns) e pequeno para o rebanho (ovinos), onde se banham os animais com remédios contra a sarna, o carrapato, etc...
  Junto as casas, o potreiro da frente e atrás do galpão, o piquete, onde se soltam os animais de trabalho e para consumo. 
Depois, as invernadas, quase todas com nome: Invernada da Tapera, do Coqueiro, do Cerro, do Valo. 
Nessas invernadas se cuida do gado e onde está o parador do rodeio, ponto de reunião de animais para trabalhos especiais, como aparte e coisas assim.
  Longe das casas, os postos, que só existem nas estâncias grandes, cuidados por um posteiro, que mora num rancho com a família. Junto aos matos, ou rio, vive algum Agregado, gente amiga do proprietário que obteve licença para erguer um rancho nos campos deste e tem alguma vaca de leite, uma horta, galinhas, ovelhas para consumo e porcos.
  A habitação desses agregados era um casebre de barro coberto de palha, despojado de todo conforto, possuíam um barril para a água, uma guampa para o leite e um espeto para assar a carne. 
A mobília não ia além de umas três peças.
Havia momentos de entretenimento nos bolichos, pequenas casas de comércio de beira de estrada, e as festas religiosas na capela local congregavam toda a comunidade das estâncias. 
  Nesses encontros se formou o folclore do Rio Grande do Sul, nos relatos de causos em torno do fogo, nas carreiras de cavalos, na troca de experiências sobre a vida campeira, o empregado da estância foi, assim, um dos formadores da figura do gaúcho. Pesquisa: Paulo Mena Pesquisador 

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