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Rota dos tropeiros 05/01/2024

Quando se fala em "Rota dos Tropeiros" logo se remete àquela rota de Viamão à Sorocaba. 
Mas tu sabia que as antigas estradas abertas pelos nossos antepassados eram muito mais esparsas e com diversos ramais?
A Estrada de Viamão, também chamada de Caminho ou Estrada Real de Viamão, Caminho das Tropas, Caminho de São Paulo é a rota mais famosa dos tropeiros, era através dela que se passava o grosso dos animais chucros que seriam comercializados nas feiras de Sorocaba, e de lá seriam distribuídas por diversas regiões do Brasil. 
Mas foi justamente nesse período de grande intensidade de comércio de muares que outros caminhos surgiram, ou se tornaram caminhos de tropeiro; tropas chucras, tropas arriadas e etc.
Alguns deles, como a Estrada Real que ligava Paraty e o Rio de Janeiro até o centro das minas, tornouse intenso caminho de tropeiros com diversos tipos de mercadorias e também no escoamento de minérios. 
Ou o caminho de Anhanguera aberto em meados de 1722, quando o bandeirante Bartolomeu Bueno (Anhanguera II), descobriu ouro na região de Goiás, inaugurando assim uma intensa rota de tropeiros que passavam pela região, tanto no suprimento de animais de montaria quanto no suprimento de alimentos e outros misteres.
Novos caminhos e novos ramais (atalhos), surgiriam depois. 
Alguns para encurtar o caminho, como o Caminho da Vacaria, que interligava Cruz Alta a Vacaria, no Caminho do Viamão, passando por Passo Fundo e Lagoa Vermelha. e outros caminhos quase inoficiais, como os que cortavam o sertão paulista através do Médio Tietê, antes mesmo de chegar-se em Sorocaba, passando por Botucatu, Piracicaba e adentrando em regiões inóspitas e perigosos, para se chegar até as Minas Gerais, sem precisar pagar impostos.
Pouco se fala de onde vinham os muares, alguns entendem que seja Viamão, como centro criador destes animais. Mas na realidade estes animais vinham da região do estuário da prata, na atual Argentina e no atual oeste do Uruguai. 
Era lá que os primeiros paulistas como o bandeirante Francisco de Brito Peixoto em meados de 1715-25 obtivera as primeiras remessas de animais de montaria e gadaria com a finalidade de introduzir no Brasil através de Laguna.
Foi pioneiro juntamente com o seu genro João Magalhães (fundador de Rio Grande) na abertura do "Caminho da Praia" entre Colônia do Sacramento, quando era de posse portuguesa, até Laguna em Santa Catarina, na época pertencente a Capitânia de São Paulo.
Com as notícias dos milhões de animais de montaria que valiam ouro nas bandas dos pampas, inúmeros sertanistas e bandeirantes participaram dos primeiros caminhos de tropas em diversos períodos. 
Como Francisco de Souza e Faria e Cristóvão Pereira de Abreu. Muitos dos caminhos hoje se tornaram ruas, estradas e rodovias. 
Mas a cultura, os hábitos, linguajar, culinária, religiosidade, genealogia, as tradições e os costumes destes homens permaneceram nestes caminhos que interligavam o Brasil de diversas formas, não só unificando o Brasil culturalmente e territorialmente, mas ajudando a influenciar e formar novas culturas. 
Foram nessas andanças que a cultura caipira destes tropeiros, antes bandeirantes, se estabeleceu definitivamente nos confins dos sertões.
Nas idas e vindas destes homens, surgiria e influenciaria e muito o surgimento do gaúcho das bandas orientais e brasileiras, criando-se então um tipo campeiro brasileiro, mas muitíssimo ligado à forma de vida dos platinos. 
Formados por paulistas, africanos indígenas locais, açorianos, os castelhanos- o futuro homem gaúcho brasileiro - em uma enorme rede de preação, abate de gado, salga e de criação de mulas para o comércio com estes tropeiros. Fonte: Felipe de Oliveira

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