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Grandes possibilidades entre Brasil e China 16/05/2025

Conforme sinalização de fontes internas do governo brasileiro, a China - segunda maior economia do mundo - pretende investir R$ 27 bilhões em novos segmentos no Brasil. Entre os setores anunciados estão: delivery (através da empresa Meituan), carros elétricos com a montadora Great Wall Motor (GWM), mineração e produção de energia limpa.
 
DESTINAÇÃO DOS INVESTIMENTOS
A segmentação dos R$ 27 bilhões ocorrerá da seguinte forma, segundo empresários que estiveram com a equipe brasileira no país asiático:
• R$ 6 bilhões por meio da GWM (Great Wall Motors);
• R$ 5 bilhões na plataforma chinesa de delivery (Meituan);
• R$ 3 bilhões em energia nuclear, através da CGN, com estruturas de captação eólica e solar;
• R$ 5 bilhões da empresa Envision, para a construção de um parque neutro em emissões de carbono;
• R$ 2,4 bilhões no setor de mineração;
• R$ 3,2 bilhões no segmento de alimentos;
• O valor restante será aplicado em minério de cobre e insumos e componentes para produtos farmacêuticos.
 
UM DOS MAIORES INVESTIDORES NO BRASIL
Vale lembrar que o país mais populoso do continente asiático já ocupa o 5º lugar entre os maiores investidores diretos na economia brasileira, sendo a principal economia da Ásia presente no território nacional. Os estoques de investimentos chineses no Brasil já somam mais de US$ 56 bilhões.
 
GEOPOLÍTICA E NOVAS PARCERIAS
Enquanto muitos países enxergam a China como um "vilão comercial" - e não é por menos, dado seu objetivo declarado de se tornar a maior economia do mundo -, a potência asiática tem adotado uma postura mais aberta de negociação com nações que, nas últimas três décadas, foram ignoradas por outras grandes economias.
Essa iniciativa do governo brasileiro teve impulso logo após o início do novo governo dos Estados Unidos, que passou a adotar políticas de hipertaxação para diversos países com os quais mantinha acordos comerciais. Essa mudança abriu espaço para novas aproximações estratégicas, inclusive com o Canadá e outros países que passaram a buscar alternativas para suas exportações e importações.
 
OPORTUNIDADES E DESBUROCRATIZAÇÃO
Entre as mais de 400 oportunidades identificadas para a ampliação de negócios entre Brasil e China, destacam-se setores inéditos, outros já consolidados e, com ênfase especial, o agronegócio.
Há ainda o objetivo de reduzir a burocracia na formalização de novos empreendimentos, especialmente no que diz respeito à documentação alfandegária, nacionalização de produtos e exigências legais.
    Provavelmente, na publicação desta coluna, já haverá clareza sobre quais projetos terão andamento, com seus respectivos prazos e formas de atuação.
 
A ONDA DOS ELÉTRICOS
Desde o início da comercialização de carros elétricos no Brasil, diversas montadoras se instalaram no país. Entre elas, destaca-se a BYD, que ocupou a antiga fábrica da Ford em Camaçari (Bahia). Além de veículos, a montadora atua nos segmentos de ônibus elétricos, energia solar e baterias (inclusive para outros setores além da mobilidade).
 
EXPANSÃO DA BYD
De acordo com o CEO da companhia, está prevista uma segunda planta no Rio de Janeiro. A unidade fluminense abrigará o setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), enquanto a planta baiana continuará dedicada à montagem dos veículos.
 
NOVAS CONCORRENTES NO MERCADO
Além da BYD, há expectativa concreta de instalação da concorrente GWM (Great Wall Motors) e da Neta Auto, esta última já em processo de implantação no interior de São Paulo. A Neta pretende lançar três novos modelos ainda este ano e vê todo o mercado sul-americano como promissor.
É importante destacar que BYD, GWM e Neta são montadoras concorrentes, todas com sede na China, porém com tecnologias, públicos e estratégias distintas.
 
O DESAFIO DA INFRAESTRUTURA
Uma questão que ainda gera debate é o futuro da frota elétrica nacional. Somando BYD e GWM, mais de 90 mil veículos já foram vendidos no Brasil desde o início das operações. No entanto, há relatos de que a BYD ainda possui modelos 2023 em estoque, o que levanta dúvidas sobre a vida útil das baterias.
Além disso, os desafios da infraestrutura são constantes: muitos usuários relatam falta de peças de reposição, inclusive as mais simples, e ausência de posicionamento claro das concessionárias.
Outro ponto recorrente é o consumo de energia. Assim como nos automóveis a combustão, a autonomia dos elétricos diminui com a velocidade. A diferença é a escassez de pontos de abastecimento, tanto nas cidades quanto nas rodovias.
 
UMA QUESTÃO DE ENERGIA
Apesar do entusiasmo com a eletrificação da frota, o Brasil ainda depende fortemente de hidrelétricas, que são sensíveis à oscilação das chuvas. A energia eólica e solar aparecem como alternativas, mas a matriz energética ainda carece de maior estabilidade para suportar um crescimento massivo da frota elétrica.
De forma imparcial, vale mencionar que 10 veículos elétricos carregando simultaneamente em uma cabine sem infraestrutura adequada pode causar sobrecarga e danos ao sistema elétrico - tanto na rede quanto nos próprios veículos.
Aguardemos.

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