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O Brasil pré-eleitoral 05/12/2025

Vivemos momentos difíceis no Brasil. E aqui falo diretamente de nós, brasileiros. Tenho a impressão de que nenhum estrangeiro, por mais culto e bem informado que seja, conseguiria compreender plenamente o que acontece nesta terra descoberta por Pedro Álvares Cabral.
Clamamos por justiça, por respeito às leis e pela observância do Estado de Direito. Enquanto isso, o Presidente da República, Lula, demonstra - ao insistir em propaganda fora do período permitido - que pouco se importa com a legislação eleitoral. É verdade que já recebeu diversas multas, mas isso apenas reforça a sensação de que dinheiro e poder imunizam, e que as leis se tornam ineficazes diante de quem ocupa os altos cargos.
Fica a pergunta: por que as punições não são suficientes para impedir a reincidência? Sendo o presidente a maior autoridade do país, deveria ser também o primeiro a dar exemplo de respeito às normas e instituições.
Às vésperas de novas eleições, deveríamos estar imersos em um clima de paz, reflexão e debates sobre planos de governo. Contudo, o que se percebe é um ambiente beligerante, distante da vontade e das necessidades da população. Profissionais de marketing políticos buscam vencer a qualquer custo. Coligações incoerentes se formam a todo instante. Pré-candidatos com reais chances de vitória recorrem a expedientes pouco confiáveis, como dossiês produzidos por pessoas de idoneidade duvidosa. Falta projeto para o futuro, e sobra a velha política da baixaria. Resta-nos esperar um milagre, que a razão prevaleça e que não tenhamos repetição do que já vivemos em governos anteriores.
A forma de fazer política no Brasil assusta. Com raras exceções, deixou-se de enxergar a vida pública como sacerdócio destinado ao bem comum. Em muitos casos, a política tornou-se um negócio, um “toma lá, dá cá” sem ética, usado para acumular fortunas para si, familiares e aliados.
As reformas tão necessárias ao país seguem sendo postergadas. Enquanto isso, convivemos com impostos diretos e indiretos que sufocam o contribuinte - principalmente o trabalhador assalariado -, e recebemos em troca serviços de baixa qualidade, como se vê, por exemplo, na área da saúde.
Este é um tema desagradável e complexo, pois envolve muitos interesses. Mesmo assim, cabe apontar outro exemplo típico de período pré-eleitoral: os chamados “pacotes de bondades” do Congresso. Entre eles estão o fim do fator previdenciário, que o Executivo promete vetar, e o reajuste de 7,72% aos aposentados que ganham acima de um salário mínimo. Há ainda a discussão sobre revisão salarial de 33 mil servidores, o que poderia gerar impacto de R$ 1,8 bilhão. Em nenhum desses casos está claro de onde viriam os recursos. Evidencia-se, assim, que parlamentares agem orientados por interesses eleitorais. A oposição aprova tudo que possa desgastar o governo, enquanto representantes da base evitam ao máximo qualquer decisão com potencial impopular.
Para encerrar, registro notícia amplamente divulgada na imprensa internacional: Huang Guangyu, fundador de uma grande rede de lojas e que já foi o homem mais rico da China, foi condenado a 14 anos de prisão por suborno e operações financeiras ilegais. Entre as acusações, comprar e vender moeda estrangeira via Hong Kong, manipulação no mercado e oferecimento de mais de 600 mil dólares em propina a autoridades.
É uma pena que no Brasil nossas leis não tenham o mesmo alcance. Se tivessem, e se fossem plenamente cumpridas, talvez enfrentássemos um grande problema com a falta de espaço nas prisões - mas, ao mesmo tempo, teríamos a certeza de que a Justiça alcançaria todos.
 
Artigo publicado em 11/06/2010

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