COLUNISTAS
14/11/2025
O USO DO CHAPÉU NA CÂMARA E
O SIGNIFICADO DE UM DEBATE
A aprovação do projeto que proíbe o uso de chapéus, bonés e boinas no plenário da Câmara de Lagoa Vermelha representa um curioso contraste entre a forma e o conteúdo. A matéria, de natureza simbólica, reacendeu uma velha discussão sobre os limites entre o respeito institucional e a liberdade individual. É inegável que o autor buscou valorizar o decoro do Legislativo, mas também é inegável que a reação contrária teve fundamento: num cenário de tantas demandas sociais, o assunto pareceu deslocado das urgências cotidianas. Ainda assim, a simples existência do debate já cumpre um papel democrático - o de testar o pulso moral e cultural de uma comunidade.
A CÂMARA COMO PALCO DO
COMPORTAMENTO SOCIAL
A sessão de 10 de novembro escancarou o quanto o plenário é mais do que um espaço de votações: é um espelho da sociedade. Houve quem visse na proposta uma tentativa de disciplinar a conduta, e quem enxergasse nela um resquício de autoritarismo simbólico. Ambos os lados, de certa forma, têm razão. A questão do “chapéu” transcende o acessório e toca o cerne da convivência pública - até que ponto o respeito se impõe por lei, e até que ponto ele deve nascer do comportamento espontâneo? O plenário, naquele momento, revelou-se um laboratório do debate social brasileiro, em miniatura.
O QUE FICA APÓS O CHAPÉU
Superado o calor da discussão, resta uma constatação: o episódio expôs o vigor da vida legislativa local. Houve divergência, argumentação e voto consciente, ingredientes essenciais para a legitimidade democrática. A Câmara de Lagoa Vermelha, independentemente do mérito da proposta, mostrou que está viva, que seus membros pensam de forma autônoma e que o dissenso é possível - e saudável. O episódio do chapéu, portanto, não se resume à cabeça coberta ou descoberta, mas à cabeça pensante de uma instituição que reflete, debate e decide. E isso, num tempo em que o silêncio político seria mais preocupante, é o verdadeiro mérito do acontecimento.
A PRIORIDADE DAS PAUTAS
E O OLHAR PÚBLICO
Um dos pontos mais levantados, tanto dentro do plenário quanto fora dele, foi a crítica de que a Câmara deveria concentrar-se em temas considerados mais relevantes - saúde, educação, infraestrutura e políticas públicas. A reação nas redes sociais e na própria imprensa local reforçou essa percepção, traduzindo um certo desconforto da população com o que viu como um “desvio de foco”.
Contudo, há nuances a observar. O Legislativo não vive apenas de projetos de impacto financeiro ou de grandes proporções. Ele também tem a função de estabelecer normas de conduta e preservar a simbologia institucional. O problema surge quando o timing político não acompanha a sensibilidade social: discutir um tema protocolar em meio a demandas urgentes gera, inevitavelmente, ruído.
A repercussão virtual, muitas vezes irônica e ofensiva, evidenciou o quanto o cidadão comum está atento - e crítico - ao uso do tempo parlamentar. Ainda que o projeto tenha sido legítimo em sua intenção, ele expôs a necessidade de calibrar prioridades e perceber que, na política, a percepção pública pesa tanto quanto o mérito jurídico. O episódio do chapéu, nesse sentido, serviu como lembrete de que toda pauta, grande ou pequena, carrega uma mensagem política - e de que o eleitorado de Lagoa Vermelha observa atentamente quem escolhe os temas e com que propósito o faz.
ESTACIONAMENTO ROTATIVO:
A HORA DE LAGOA VERMELHA
ENFRENTAR O TEMA COM CORAGEM
O debate sobre a implantação do estacionamento rotativo em Lagoa Vermelha não é novo. Há anos o assunto reaparece em conversas entre comerciantes, motoristas e autoridades locais, mas nunca saiu do papel. Hoje, no entanto, a realidade impõe que essa discussão ganhe um novo ritmo - e, sobretudo, uma decisão efetiva.
O TRÂNSITO NO CENTRO E
O DRAMA DO SÁBADO PELA MANHÃ
Quem circula pela avenida Afonso Pena, especialmente no trecho que vai da Igreja Matriz São Paulo Apóstolo até a quadra do Supermercado Cotrijal, já percebeu: encontrar vaga de estacionamento virou um desafio diário. Durante a semana, o problema é constante; nos sábados pela manhã, torna-se caótico.
A dificuldade de estacionar não afeta apenas quem vai às compras, mas também quem busca atendimento médico, realiza pagamentos ou simplesmente tenta resolver algo rápido no comércio. O resultado é previsível: congestionamento, perda de tempo e, no fim, prejuízo para o próprio setor comercial que movimenta a economia da cidade.
VEÍCULOS QUE
PERMANECEM O DIA INTEIRO
Boa parte desse problema decorre do hábito de quem trabalha na área central de deixar o veículo estacionado durante todo o expediente. Isso reduz drasticamente a rotatividade e cria um efeito em cadeia: menos vagas disponíveis para consumidores, menor circulação de pessoas nas lojas e queda no potencial de vendas.
É uma equação simples - e perigosa para o comércio local. Sem uma política de ordenamento urbano, o centro perde dinamismo e competitividade.
A NECESSIDADE DE UMA
DECISÃO CONJUNTA
Tanto o Poder Executivo quanto o Legislativo precisam encarar o tema com responsabilidade e coragem. A criação do estacionamento rotativo - ou mesmo de um sistema pago - deve ser planejada com base na realidade do município, com horários adequados, valores acessíveis e um modelo de gestão transparente. Não se trata de penalizar o cidadão, mas de reorganizar o uso do espaço público e devolver ao centro a fluidez e o equilíbrio que perdeu nos últimos anos.
RUA JOSÉ BONIFÁCIO E
OUTRAS VIAS CRÍTICAS
Outra via que exige atenção é a rua José Bonifácio, onde se localiza o Hospital São Paulo. Ali, a falta de vagas é crônica. Mesmo com sinalizações e restrições de parada, o trânsito é intenso e o espaço, insuficiente. A concentração de consultórios médicos, o fluxo hospitalar e o pronto atendimento agravam a situação - e a tendência é de piora, especialmente com a futura implantação do serviço de hemodiálise em Lagoa Vermelha, que aumentará ainda mais a demanda por estacionamento.
Some-se a isso os pontos de congestionamento já perceptíveis na avenida Benjamin Constant, outra via movimentada da área central. E, certamente, em breve, a própria avenida Presidente Vargas - hoje uma das mais extensas e importantes do perímetro urbano - também exigirá atenção redobrada, dado o crescente fluxo de veículos e sua função de ligação entre diferentes bairros. Olhar atento também para a avenida Nívio Castellano, entre outras.
OUTRO PONTO DE PRESSÃO:
A RUA 7 DE SETEMBRO
Outro ponto que sofre com a questão do estacionamento é a rua 7 de Setembro, especialmente na já conhecida Quadra Paraíso, onde estão estabelecidas algumas das mais tradicionais lojas da cidade. Ali, o trânsito também se torna complicado, sobretudo nos horários de maior movimento.
A situação se agrava diante de um cenário que vem se consolidando em Lagoa Vermelha: o crescimento vertical. A presença de novos prédios, salas comerciais e empreendimentos residenciais trouxe consigo um aumento significativo na circulação de pessoas e veículos. Com mais moradores e novas atividades no centro, o desafio de garantir vagas adequadas se intensifica.
Esse avanço urbano, ainda que positivo para o desenvolvimento econômico, requer uma reavaliação urgente das políticas de mobilidade e estacionamento.
RECONHECENDO OS ESFORÇOS
E SUGERINDO SOLUÇÕES
É importante destacar que o Conselho Municipal de Trânsito e o próprio Departamento de Trânsito da Prefeitura Municipal têm procurado dedicar todos os esforços para que o trânsito flua da melhor maneira possível.
Por iniciativa da Prefeitura, também já existem vários estacionamentos públicos disponíveis à população. No entanto, ainda não são suficientes para equacionar completamente os problemas. Em alguns casos, pela falta de esclarecimento dos condutores sobre o uso desses espaços; em outros, pela superlotação, especialmente em dias de grande movimento ou eventos que atraem um número elevado de pessoas ao centro da cidade.
Mesmo assim, é preciso reconhecer que o município vem buscando alternativas e soluções. Porém, se não houver uma medida em que o condutor fique em sobreaviso, o problema certamente persistirá, prejudicando diversos setores da comunidade. Uma alternativa viável seria o estabelecimento de um horário rotativo, por exemplo, das 9h às 16h - semelhante ao horário bancário - o que permitiria uma rotatividade maior sem comprometer o uso das vias por moradores e trabalhadores do centro. Com ajustes adequados, o resultado viria naturalmente.
UM OLHAR PARA O FUTURO
Além da implantação do estacionamento rotativo, o município pode adotar medidas complementares, como a ampliação do trabalho dos agentes de trânsito para fiscalizar e orientar o uso das vias, e campanhas educativas que conscientizem motoristas sobre o uso coletivo dos espaços públicos. É hora de pensar Lagoa Vermelha como uma cidade em crescimento, que precisa se preparar para o futuro. As ruas do centro não comportam mais improvisos - exigem planejamento, decisão e coragem política.
PRÊMIO LIDERANÇA DE
EXPRESSÃO NA COMUNIDADE
E a propósito de desenvolvimento, empreendedorismo e reconhecimento de trajetórias, vale registrar que no próximo dia 4 de dezembro, uma quinta-feira, a NG Revista estará promovendo a terceira edição do Prêmio Liderança de Expressão na Comunidade, evento criado para valorizar lideranças não apenas de Lagoa Vermelha, mas também de toda a região Nordeste do Estado, reunindo personalidades do Rio Grande do Sul.
Entre as presenças confirmadas estão a prefeita de Capão Bonito do Sul, Marizete Rauta, o prefeito de Lagoa Vermelha, Eloir Morona, o secretário da Agricultura e Abastecimento, Lindomar do Carmo Moraes, além de empresários como Odete Tondo Ferreira, profissionais liberais como Renata Belan e lideranças comunitárias como Antônio Marcos Mendes e Berenice Lima, entre outros.
O evento será realizado na Associação Atlética do Banco do Brasil, onde será servido o tradicional churrasco lagoense, acompanhado de música ao vivo. Será uma noite de reconhecimento, integração e celebração, com mais de 40 homenageados - pessoas que fazem a diferença em suas comunidades e fortalecem a identidade regional.


Radar ON-LINE: