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Mulher, só se for de esquerda! 17/10/2025

É muito revelador o silêncio da esquerda brasileira em geral, e do governo petista em particular, em relação ao Nobel da Paz conferido à María Corina Machado, mulher venezuelana e opositora do regime totalitário de Nicolás Maduro. Não há votos de parabenização, ou de qualquer tipo, por uma mulher sul americana conquistar uma posição tão significativa. E sabe-se perfeitamente a razão: porque para a esquerda as mulheres só possuem valor se reproduzirem as ideias coletivistas. Caso contrário, não devem receber qualquer tipo de reconhecimento.
Essa falta de empatia com María Corina também deve ser compreendida porque ela denuncia todas as arbitrariedades do regime da Venezuela e seu “socialismo do século XXI”. Sua chapa inclusive venceu as últimas eleições presidenciais, porém as fraudes do ditador Maduro impediram que a genuína vontade popular fosse obedecida. Maduro, com a conivência do governo Lula, e com a tal solidariedade da esquerda brasileira, segue exercendo de maneira ilegítima o poder no país, grassando o autoritarismo, o populismo e a perseguição a opositores.
O Nobel da Paz a María Corina não irá alterar a situação política na Venezuela, mas o prêmio lança luzes novamente sobre a tragédia do socialismo e dos regimes de força. Desnuda, ainda, a hipocrisia da esquerda, que segue alinhada ao regime do ditador venezuelano. E, por fim, deixa claro o alinhamento do governo brasileiro com a sobrevivência e continuidade da opressão naquele país, sem que absolutamente nada faça para, por exemplo, pressionar por uma mudança de regime com eleições absolutamente limpas, livres e competitivas.
Nosso governo, capitaneado por Lula, que diz ser apenas ele o verdadeiro defensor da democracia, deveria ter sido o primeiro a parabenizar uma mulher, latinoamericana, perseguida politicamente e que luta em seu país para a erosão de um regime de força e estabelecimento de uma democracia representativa com o governo tendo poderes limitados. María Corina, aos olhos da esquerda, possui um pecado e um defeito que a faz descartável e indigna de qualquer reconhecimento: ela não é uma militante de esquerda. Eis os fatos.

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