COLUNISTAS
26/09/2025
ATITUDE DE CHARISE BRESOLIN GERA POLÊMICA
A sessão de segunda-feira (22), na Câmara Municipal de Lagoa Vermelha, foi marcada por intensos debates em torno de publicações da vereadora Charise Bresolin (PP) em suas redes sociais. As postagens, consideradas ofensivas e discriminatórias por colegas, resultaram em requerimento apresentado pela bancada do PDT para que o caso fosse encaminhado ao Ministério Público. A proposta acabou rejeitada por cinco votos, mas a discussão revelou fissuras e diferentes entendimentos sobre os limites da liberdade de expressão e o papel do legislador.
O REQUERIMENTO DO PDT
O pedido, assinado pelos vereadores Ranyeri Bozza (PDT) e Ariovaldo Carlos da Silva (PDT), apontava possíveis violações constitucionais e legais em frases como “não contrate esquerdista” e “a esquerda mata”, compartilhadas por Charise em sua rede pessoal. O texto ressaltava que tal prática poderia configurar discriminação política, improbidade administrativa e quebra de decoro parlamentar, solicitando que o Ministério Público avaliasse o caso.
A DEFESA DE CHARISE BRESOLIN
Na tribuna, a vereadora Charise reagiu duramente à iniciativa, classificando-a como exemplo de censura e autoritarismo. “Eu não posso publicar coisas no meu perfil pessoal porque uma minoria se ofende. É um pensamento que eu tenho, e vou continuar tendo. Não tenho que pedir desculpas, é liberdade de expressão”, afirmou.
Charise destacou que não teme eventuais desdobramentos judiciais: “Já entrei no Ministério Público outras vezes e não deu em nada. Não tenho medo. O que peço é respeito ao que penso e escrevo. Liberdade de expressão não pode ser criminalizada”.
A parlamentar reforçou que suas postagens refletem apenas sua opinião pessoal: “Não estou atacando ninguém desta Casa. Estou apenas expondo o que penso e não vou aceitar que me calem”.
RANYERI BOZZA: “DISCURSO ODIOSO E DISCRIMINATÓRIO”
O vereador Ranyeri Bozza (PDT) foi o mais enfático nas críticas. “Recebi dezenas de prints altamente ofensivos. Expressões como ‘a esquerda mata’ são inaceitáveis. Isso é discurso de ódio, que divide a sociedade e coloca cidadãos sob suspeita apenas por sua posição política”, disse.
Ele lembrou episódio semelhante ocorrido há dois anos, quando circulou uma lista de estabelecimentos que deveriam ser boicotados: “Na época, discutimos com seriedade o problema. Agora, vemos novamente esse mesmo tipo de atitude, mas vinda de uma autoridade eleita. Isso é ainda mais grave”.
Ranyeri insistiu que o pedido do PDT não buscava punir Charise na Câmara, mas apenas remeter o caso ao MP: “Não estamos condenando ninguém. Queremos uma investigação técnica e isenta. Se não houve crime, será arquivado. Mas se houve, é preciso responsabilização”.
ARIOVALDO CARLOS: “CHEGA DE APARTHEID POLÍTICO”
Ariovaldo Carlos da Silva (PDT) reforçou os argumentos de Bozza, lembrando a Constituição e a legislação trabalhista: “Quando se publica que não se deve contratar trabalhadores por ideologia, fere-se diretamente o artigo 5º da Constituição e a Lei 9.029/95, que proíbe discriminação na contratação. Nós, legisladores, devemos ser exemplo de respeito às leis, não incentivadores da exclusão”.
O vereador fez um paralelo histórico: “Essa prática lembra os tempos sombrios do nazismo, quando lojas de judeus eram marcadas e cidadãos eram segregados. Esse tipo de apartheid político não pode ser tolerado em nossa cidade”.
Ele finalizou pedindo que o Legislativo adotasse postura pedagógica: “Não interessa se é de direita ou de esquerda. Não podemos aceitar ódio e divisão. Precisamos ser referência de união e respeito”.
PAULA CASTILHOS: “QUEM QUE EU MATEI, COLEGA CHARISE?”
A vereadora Paula Castilhos (PT) também se posicionou contra as postagens, chamando atenção para sua gravidade. “Eu consumo produtos e serviços de pessoas de direita e de esquerda. Nunca pergunto em quem votaram. Quando você publica que ‘a esquerda mata’, eu pergunto: quem que eu matei, colega Charise?”
Paula recordou que sua atuação política não se baseia em discriminar adversários: “Nunca publiquei que não se deve comprar de alguém por ser de direita. Isso é disseminar ódio e não condiz com a função pública”.
Ela ainda criticou a incoerência da colega: “Na semana passada, a vereadora falava em diálogo e respeito. Hoje, defende postagens que pregam exclusão. Isso não é liberdade de expressão, isso é estimular a intolerância”.
VIEGO SANTOS: “NÃO É PESSOAL, MAS PRECISAMOS TER CUIDADO”
Representando o PL, o vereador Viego Santos buscou equilíbrio. “Não é uma questão pessoal contra a vereadora, mas nós, como agentes públicos, temos responsabilidade redobrada. O que postamos em redes sociais ecoa além do círculo de amigos. Influencia a população que representamos”, afirmou.
Viego destacou que extremismos são nocivos em qualquer campo: “Seja de direita ou de esquerda, radicalismos nunca ajudam. O encaminhamento ao Ministério Público não é perseguição, é apenas para esclarecer se houve ou não abuso”.
Mesmo defendendo a liberdade, reforçou o alerta: “Liberdade de expressão existe, mas precisa vir acompanhada de responsabilidade. A linha entre opinião e incitação ao ódio é tênue, e devemos ter cuidado com ela”.
JOSMAR VELOSO: “LIBERDADE DE EXPRESSÃO DEVE SER RESPEITADA”
O presidente da Câmara, Josmar Veloso (PP), fez a defesa da colega de partido.
“O vereador tem liberdade de se expressar em suas redes pessoais. Quem não gosta do que é publicado pode simplesmente deixar de seguir. Não podemos criminalizar opiniões emitidas fora do horário de expediente e sem vínculo institucional com a Câmara”, disse.
Josmar trouxe exemplo do atentado sofrido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 2018: “Por pouco, ele não foi morto por Adélio Bispo. Até hoje não se sabe quem estava por trás. Esse episódio mostra que extremismo existe em todos os lados. É preciso cuidado para não julgar de forma seletiva”.
Para ele, a polêmica reforça a necessidade de equilíbrio: “Não podemos confundir liberdade de expressão com discurso institucional. O que Charise publicou foi em sua página pessoal, não em nome da Câmara”.
VOTAÇÃO E RESULTADO
Após diversas manifestações, o plenário rejeitou o requerimento do PDT por cinco votos. A decisão não encerrou a polêmica, mas deixou claro o contraste entre duas visões: de um lado, a defesa da liberdade individual de expressão; de outro, o entendimento de que manifestações de ódio e discriminação ultrapassam os limites do cargo público.
O CONTRAPONTO
A sessão explicitou o dilema que perpassa o Legislativo local: até onde vai a liberdade de expressão de um vereador?
Enquanto a base progressista minimiza os impactos das postagens, oposição e setores da esquerda argumentam que a função pública exige maior responsabilidade e limites.
O episódio também reacendeu o debate sobre o papel das redes sociais na política e o impacto das falas de parlamentares no ambiente social e democrático.
SANDRO FRANCISCATO CONSOLIDA SUA PRÉ-CANDIDATURA
Mesmo em um cenário estadual ainda em definição, a pré-candidatura de Sandro Franciscato a deputado estadual pelo Progressistas (PP) é considerada praticamente certa. Irmão da deputada Silvana Covatti, que não pretende disputar novos mandatos no Legislativo gaúcho, Sandro deverá herdar a base eleitoral da irmã na grande região de Passo Fundo, inclusive adotando o mesmo número de urna que ela utilizou em campanhas anteriores.
UMA TRAJETÓRIA LIGADA À FAMÍLIA COVATTI
Natural de Frederico Westphalen, Sandro estabeleceu residência em Passo Fundo em 1995. Desde então, construiu forte vínculo político como assessor direto da família Covatti, especialmente de Silvana e do ex-deputado Vilson Covatti. Essa proximidade lhe rendeu o apelido de “Sandro do Covatti”, pelo qual é amplamente conhecido nos bastidores políticos.
APOIO EM LAGOA VERMELHA E CAPÃO BONITO DO SUL
Na região, Sandro Franciscato conta com apoio expressivo do Progressistas de Lagoa Vermelha, que vê nele a continuidade da representação histórica da família Covatti. Além disso, há movimentação favorável também no município de Capão Bonito do Sul, onde lideranças locais já articulam respaldo ao pré-candidato. Essa confluência de apoios fortalece a sua pré-campanha antes mesmo da oficialização do quadro eleitoral estadual.
UM NOME CERTO NA DISPUTA
Embora o cenário político gaúcho ainda esteja em fase de costuras partidárias, a pré-candidatura de Sandro é tida como consolidada. Sua trajetória ligada ao núcleo duro do PP, a herança eleitoral de Silvana Covatti e a mobilização já visível em municípios-chave da região indicam que ele será uma das principais apostas progressistas para a Assembleia Legislativa em 2026.


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