COLUNISTAS
Histórico dos Festejos Farroupilha 19/09/2025
Até 1947, a Semana Farroupilha ou o dia 20 de setembro eram comemorados quase exclusivamente pela Brigada Militar, restritos a solenidades internas e à homenagem com flores no monumento a Bento Gonçalves.
O marco inicial das comemorações como conhecemos hoje ocorreu em 1947, logo após a criação do Departamento de Tradições Gaúchas no Colégio Júlio de Castilhos, idealizado por João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes. A partir daí, as reuniões começaram a planejar atividades para setembro daquele ano, lideradas por Paixão Côrtes, então presidente do Departamento de Tradições.
A PROGRAMAÇÃO INICIAL
Na segunda quinzena de agosto já havia o esboço da programação, que incluía bailes gauchescos com concursos de danças e trajes, concursos literários de trova e poesia, artigos no jornal do colégio, palestras culturais, ronda gaúcha, provas campeiras, concurso de desenhos e até uma biblioteca e discoteca de músicas gaúchas.
Foi também em 1947 que ocorreu a escolta dos restos mortais de David Canabarro, feita pelo “Grupo dos Oito”, cavalarianos do Julinho, a convite da Liga de Defesa Nacional.
O NASCIMENTO DA RONDA CRIOULA
O ponto de virada foi no dia 7 de setembro de 1947, quando Paixão Côrtes, Cyro Dutra Ferreira e Fernando Vieira retiraram, à meia-noite, uma centelha da Pira da Pátria com um archote improvisado. No Departamento de Tradições, Paixão acendeu um antigo candeeiro a querosene, nascendo assim a Ronda Crioula - uma roda de mate acompanhada de declamações e contações de causos, que se estendeu até 20 de setembro.
No primeiro fandango gaúcho, realizado no Teresópolis Tênis Clube, a chama foi extinta. Desde então, o acendimento da Chama Crioula em agosto passou a marcar o início oficial dos Festejos Farroupilha.
DA RONDA À SEMANA FARROUPILHA
Nos anos seguintes, as comemorações ganharam força, incluindo cavalgadas no dia 20 de setembro e a presença da Chama Crioula junto ao monumento a Bento Gonçalves, hoje localizado na avenida João Pessoa, em Porto Alegre.
A oficialização veio com a Lei nº 4.850/64, que instituiu a Semana Farroupilha a ser comemorada de 14 a 20 de setembro, sob responsabilidade de órgãos do Executivo. Em 1980, o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) passou a integrar a organização das festividades, pela Lei Estadual nº 7.391/80.
CHAMA CRIOULA:
PATRIMÔNIO IMATERIAL
Em 2024, a Chama Crioula foi declarada patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul, pela Lei nº 16.169, sancionada em 19 de agosto. A legislação a reconhece oficialmente como símbolo da cultura regional gaúcha, reforçando sua importância como expressão viva da identidade do Estado.
Assim, o que nasceu em 1947 como um gesto simples de preservar a chama da tradição no colégio Júlio de Castilhos transformou-se em um dos maiores movimentos culturais do Rio Grande do Sul, mobilizando cidades, entidades e comunidades inteiras todos os anos no mês de setembro.


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