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19/09/2025

“Cada tempo tem suas necessidades”: Paulo Moyses de Andrade revisita 50 anos de vida pública  
Ex-prefeito pelo MDB, advogado e comunicador, Paulo Moyses de Andrade concedeu entrevista à Folha News em que percorre meio século de trajetória política, compara passado e presente, comenta a atuação dos poderes da República e projeta as bandeiras que, segundo ele, devem orientar o futuro de Lagoa Vermelha.
50 anos na vida pública
Ao recordar o início da caminhada, em 1975, Andrade cita a eleição para a Câmara Municipal - ainda sob o regime militar, com MDB e Arena como únicas siglas - e o lema de campanha “Uma voz amiga a serviço do povo”. Relata ações de seu período como vereador, como a articulação pela linha da UNESUL entre Lagoa Vermelha e Porto Alegre, a criação do perímetro urbano na BR-285 e a abertura de vias como a rua Inês Stedile. “Fui recebido com respeito em todas as casas. Guardo grandes recordações desse período”, disse.
 
Ditadura, valores e a política de hoje
Para Andrade, a comparação entre o período do regime militar e a política contemporânea passa pelo resgate de “valores de família, respeito e religiosidade” que, na visão dele, marcavam a militância de outrora. Ele critica o acirramento ideológico atual: “Direita e esquerda precisam caminhar juntas. Sem bom senso, o país demora a reencontrar o rumo”.
 
Os poderes da República, a mídia e a judicialização
Andrade avalia que o Poder Judiciário “cumpre seu dever” e tem sido mais acionado pela sociedade, o que amplia a sensação de protagonismo. Observa, ainda, a força do poder econômico e da mídia no ambiente público: “Sem governo, a economia segue andando; e a mídia, diariamente, antecipa tendências e resultados”. Sobre acusações de parcialidade ao Judiciário, afirma não ver confirmação e defende o respeito às decisões, citando inclusive episódios nacionais de depredação de prédios públicos.
 
Dois mandatos no Executivo e marcos da gestão
Eleito prefeito em 1988 e novamente na década de 1990, Andrade elenca prioridades e entregas dos períodos: implantação do plantão 24 horas na saúde, médicos atendendo o interior, criação/estruturação de área industrial (com ênfase ao polo moveleiro), ampliação de oferta de energia com apoio do governo estadual, obras e melhorias na malha rodoviária regional, convênios que viabilizaram escolas e a chegada de cursos de ascensão universitária. “A sociedade pegava junto. Associação comercial, rural e entidades somavam esforços”, resume.
 
Desenvolvimento econômico e a BR-470
Na economia local, o ex-prefeito destaca a mudança de matriz - da pecuária para a agricultura - e o fortalecimento do setor moveleiro, hoje exportador. Lembra a mobilização regional pela BR-470 até o Barracão, concluída na década de 2010 no trecho urbano, e critica a falta de avanços recentes rumo a Nova Prata: “De 2014 em diante, precisamos retomar a luta”.
 
Ontem e hoje na gestão pública
Para Andrade, governar continua a exigir coordenação e velocidade decisória, mas a cidade “anda por suas forças próprias” quando comércio, campo, construção civil e serviços funcionam. Ele defende que o poder público facilite, dentro da lei, a instalação de empresas e a geração de emprego e renda. Na saúde e na educação, compara o passado - com deslocamentos e menos estrutura - ao presente, com transporte escolar e merenda ampliados.
 
Decepções, processos e a condição do ex-prefeito
Sem cultivar mágoas, Andrade vê nas derrotas “lições” e ressalta que respondeu a CPIs e ações decorrentes de regras orçamentárias da época. Critica a ausência de amparo institucional a ex-prefeitos diante de longas disputas judiciais: “São jogados à própria sorte”. Reitera não aceitar a ideia de enriquecimento ilícito em sua trajetória: “Desafio que provem um centavo desviado”.
 
Renovação, legado e sucessores
Andrade afirma apoiar a renovação política, lembrando que disputou a primeira eleição majoritária aos 32 anos. Permanece filiado ao MDB e diz colaborar para que novas lideranças ocupem espaço. Cita ex-colaboradores que hoje atuam na vida pública e registra satisfação com o legado de formação de quadros.
 
Lagoa Vermelha até 2050: bandeiras prioritárias
Projetando o futuro, o ex-prefeito aponta temas estruturantes: tratamento de esgoto, mobilidade e trânsito, a conexão com Nova Prata pela BR-470, atração de investimentos e empregos qualificados, além de um ambiente ágil para novos empreendimentos. Reforça o “valor social” da hospitalidade lagoense e o posicionamento estratégico do município, cortado por duas BRs e sem histórico de grandes enchentes: “Temos condições de transformar amizade e tradição em desenvolvimento”.
 
Encerramento
Ao final, Andrade agradece o espaço da Folha News, pede que “bandeiras futuras” sejam debatidas com profundidade e resume seu percurso: “Cada época cobrou respostas distintas. O essencial é preservar valores, unir forças e seguir adiante”.
A entrevista completa poderá ser conferida no canal de YouTube @folhanewslv.
 
PEC das prerrogativas
A Câmara dos Deputados concluiu a votação, quarta-feira (17), da proposta de emenda à Constituição (PEC) que retoma a necessidade de autorização da Câmara e do Senado para o Supremo Tribunal Federal (STF) processar criminalmente deputados e senadores. A chamada PEC das Prerrogativas (PEC 3/21) será enviada ao Senado.
Conforme o texto aprovado, a votação do pedido de autorização será secreta. O Plenário não tinha obtido votos para manter o voto secreto na votação desse aval na madrugada desta quarta, mas um novo texto foi articulado por líderes partidários que representam a maioria para apresentar emenda do relator, deputado Claudio Cajado (PP-BA), a fim de retomar a votação secreta. O texto foi aprovado por 314 votos a 168. De acordo com a proposta, de autoria do deputado licenciado e atual ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), desde a expedição do diploma, os parlamentares do Congresso Nacional serão julgados perante o Supremo, mas o texto não especifica que se trata apenas de causas criminais.
A proposta retoma a redação original da Constituinte, que previa o uso do voto secreto na deliberação dessa autorização, acrescentando um prazo de 90 dias para essa decisão ser tomada, contado a partir do recebimento da ordem emitida pelo Supremo. (Agência Câmara dos Deputados)
 
Tema para debate
Congresso Nacional está legislando em causa própria! Está certo?

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