COLUNISTAS

05/09/2025

PSDB - UMA SIGLA TRADICIONAL EM DECLÍNIO
Continuamos, nesta edição, tecendo algumas análises sobre o pleito de 2022 para deputado federal em Lagoa Vermelha. O desempenho de cada grei partidária com presença no município. Lembramos que os dados são baseados nas principais votações.
O PSDB, que já teve maior protagonismo em Lagoa Vermelha em eleições passadas, apresentou em 2022 um desempenho bastante tímido para deputado federal. O tucano mais votado foi Pedro Macari, com 865 votos, figurando em terceiro lugar no ranking geral do município, atrás de Covatti (PP) e Dziedricki (Podemos). Esse resultado isolado foi expressivo, mas os demais nomes do partido não tiveram o mesmo peso: Nelson Marchezan Júnior (23 votos) e Lucas Redecker (27 votos) ficaram em patamares residuais.
O total do PSDB em Lagoa Vermelha chegou a 915 votos, quase todo concentrado em Macari. A leitura é clara: o partido conseguiu um bom desempenho em torno de um único candidato, mas não possui mais capilaridade ampla no município. Sua força é hoje dependente de nomes pontuais, sem a mesma rede que já caracterizou a sigla em outros tempos. O PSDB ainda pode ter fôlego em disputas locais, mas precisa urgentemente de renovação de quadros e narrativa política, caso contrário seguirá perdendo espaço para partidos mais estruturados.
 
PSB - VOTOS FRAGMENTADOS E POUCA RELEVÂNCIA
O Partido Socialista Brasileiro (PSB) não conseguiu se destacar nas urnas de Lagoa Vermelha em 2022. Seus votos foram baixos e dispersos entre diferentes candidatos. O mais lembrado foi Heitor Schuch, com apenas 39 votos, seguido de Lauro Hagemann (39), Wagner Petrini (26) e Dalciso Eberhardt (13).
No total, o PSB obteve apenas 117 votos no município, número que o coloca entre as legendas de menor expressão na disputa federal. A sigla, que já teve momentos de maior protagonismo em nível estadual, aparece em Lagoa Vermelha como figurante eleitoral, sem nomes de apelo ou identidade clara com o eleitorado local.
O desempenho revela um partido que não conseguiu dialogar com a realidade política do município. Sem presença efetiva, o PSB fica na condição de sigla de baixo impacto, servindo mais como apoio em coligações do que como protagonista em eleições majoritárias ou proporcionais.
 
REPUBlICANOS EM LAGOA VERMELHA: VOTO PULVERIZADO
O desempenho do Republicanos nas eleições de 2022 para deputado federal em Lagoa Vermelha foi marcado pela pulverização de votos e pela ausência de uma candidatura capaz de se firmar como liderança local. A legenda obteve ao todo 564 votos, resultado modesto diante das principais forças partidárias do município.
O nome mais lembrado foi o do deputado Luciano Zucco, com 186 votos, seguido por Ronaldo Nogueira (88) e Bibo Nunes (73). Outros candidatos como Antonio Gomes (68), Franciane Bayer (60) e Marcelo de Brum (32) contribuíram com números menores. Houve ainda votações marginais em figuras de menor expressão, o que reforça a característica de dispersão.
A leitura é direta: o Republicanos, embora tenha candidatos de peso em nível estadual e nacional, não conseguiu converter esse capital em força orgânica em Lagoa Vermelha. Sua presença foi fruto da visibilidade de nomes consolidados na política gaúcha, mas sem reflexo em bases locais.
Comparado a partidos como o PL e o PP, o Republicanos aparece em uma faixa intermediária, nem irrelevante, nem competitivo de fato. O risco para a sigla é permanecer como um partido de transferência de votos, recebendo apoios pontuais em eleições federais, mas sem se firmar como protagonista na arena municipal.
Para mudar esse quadro, será fundamental investir em lideranças residentes e agendas conectadas à realidade lagoense. Sem esse movimento, o partido seguirá como coadjuvante no cenário político local, dependente da força de suas figuras externas.
 
PSD: DESEMPENHO TÍMIDO E SEM IDENTIDADE LOCAL
O Partido Social Democrático (PSD) teve uma participação discreta em Lagoa Vermelha nas eleições de 2022 para deputado federal. No total, a legenda somou apenas 450 votos, distribuídos entre diferentes nomes, sem que nenhum deles conseguisse se destacar de forma expressiva no município.
O mais lembrado foi Luciano Palma de Azevedo, ex-prefeito de Passo Fundo, que recebeu 399 votos. Depois dele, o desempenho caiu abruptamente: Danrlei de Deus Hinterholz (35 votos), Paulo Vicente Caleffi (16 votos) e outros candidatos com votações residuais.
Esse cenário evidencia que o PSD teve um desempenho dependente de um único candidato, sem presença capilarizada em Lagoa Vermelha. Apesar de ser um partido que ganhou projeção nacional e estadual em função de alianças estratégicas, na realidade lagoense sua votação não passou de pontual e limitada.
O contraste com siglas como o PP ou o PL é significativo: enquanto estas exibem musculatura e voto de massa, o PSD se mostra como um partido de presença quase decorativa, sem identidade própria junto ao eleitorado local.
O desafio da legenda, caso queira disputar espaço real no município, será investir em lideranças residentes e agendas específicas para Lagoa Vermelha. Sem isso, seguirá como coadjuvante, restrito a captar votos de transferência de candidatos de fora, como ocorreu em 2022.
 
OS PARTIDOS DE EXPRESSÃO SECUNDÁRIA
Se os grandes protagonistas das eleições de 2022 em Lagoa Vermelha foram PP, PL e Podemos, com o PT garantindo um espaço fiel e PDT/MDB tentando preservar tradição, os demais partidos tiveram papel apenas residual. Ainda assim, vale observar o desempenho desse grupo, pois seus números revelam tendências do eleitorado e ajudam a compreender o mapa político completo do município.
 
UM CERTO DESTAQUE: NOVO E CIDADANIA
Entre as legendas de menor expressão, o NOVO conseguiu se diferenciar graças à votação de Marcel Van Hattem (481 votos), totalizando pouco mais de 500 votos no município. É um desempenho que, embora distante das grandes siglas, mostra um eleitorado liberal e jovem que se identifica com o discurso renovador do partido.
O Cidadania também aparece com alguma relevância, concentrando 215 votos em Any Ortiz. O número é modesto, mas revela que a deputada mantém penetração em diferentes regiões do Estado, inclusive em Lagoa Vermelha.
 
O CAMPO DA ESQUERDA: PSOL E PCdoB
O PSOL, com 161 votos (126 deles para Fernanda Melchionna), manteve-se como uma legenda de nicho, sustentada por pautas ideológicas específicas. O mesmo ocorre com o PCdoB, que somou 135 votos, destacando-se com Assis Melo (93). Ambos confirmam a existência de núcleos minoritários de esquerda em Lagoa Vermelha, mas sem capacidade de competir em escala com o PT, que concentra esse eleitorado.
 
PARTIDOS NANICOS: PATRIOTA, PV E PTB
Na base da pirâmide, Patriota (35 votos), PV (21 votos) e PTB (18 votos) foram praticamente irrelevantes no pleito. Essas legendas aparecem apenas por registro formal, sem competitividade real, nem candidatos de apelo local.
 
AVANTE: UMA APARIÇÃO PONTUAL
O Avante reuniu 210 votos, divididos entre André Cassio Oliveira (169) e Renan Silva (41). Apesar de ser uma marca nacional em crescimento, no município a legenda aparece apenas como um coadjuvante eleitoral, sem identidade consolidada.
 
O PAPEL DOS MENORES
O desempenho desses partidos em Lagoa Vermelha mostra um quadro de fragmentação sem profundidade. O eleitor até se dispersa em algumas opções - como o NOVO, que conseguiu número razoável -, mas no geral, a mensagem é clara: o eleitorado lagoense prefere se concentrar em partidos de maior musculatura política (PP, PL, Podemos e PT).
Os menores partidos, sem presença local estruturada, funcionam mais como caixas de ressonância ideológica ou opções de voto difuso, mas não alteram o equilíbrio de forças no município.
 
ESQUeRDA x DIREITA: O RETRATO DAS URNAS DE 2022 EM LAGOA VERMELHA
As eleições de 2022 para deputado federal em Lagoa Vermelha mostraram de forma muito clara a predominância da direita no município, mas também revelaram que a esquerda mantém um núcleo de resistência que não pode ser desprezado.
 
A DIREITA: HEGEMONIA E VOTO DE MASSA
• Os partidos de direita e centro-direita - PP, PL, Podemos, Republicanos, PSD, União Brasil, PSDB e NOVO - dominaram o cenário eleitoral.
• Juntos, somaram mais de 10 mil votos, concentrados sobretudo no PP (4.652) e no PL (1.895).
• O Podemos, com Maurício Dziedricki (1.134), e o PSDB, com Pedro Macari (865), mostraram que o eleitorado também busca alternativas dentro do mesmo campo ideológico.
• A votação maciça de Covatti (PP) e Sanderson/Cherini (PL) reforça que Lagoa Vermelha continua sendo um território amplamente conservador, alinhado ao agronegócio, à gestão liberal e a figuras de direita.
• Mesmo partidos médios, como Republicanos (564) e PSD (450), mantiveram votação razoável, enquanto o NOVO, com Van Hattem (481), mostrou apelo em nichos específicos.
A direita domina, não apenas pela quantidade de votos, mas pela diversidade de legendas que conseguem mobilizar o eleitorado, garantindo maioria absoluta nas urnas.
 
A ESQUERDA: BASE FIEL, MAS LIMITADA
• O PT foi a força central da esquerda em Lagoa Vermelha, alcançando 1.201 votos no total, com destaque para Dionilso Marcon (792), que ficou entre os cinco mais votados.
• Outras siglas do campo progressista tiveram presença discreta: PSOL (161), PCdoB (135) e PSB (117).
• Somados, os partidos de esquerda chegaram a cerca de 1.600 votos - número significativo, mas muito distante da direita.
• A leitura é que a esquerda tem um núcleo ideológico fiel, mas não consegue romper a barreira da base petista. Os demais partidos funcionam como satélites, sem capilaridade real em Lagoa Vermelha.
A esquerda se mantém como força de resistência, com eleitorado coeso, mas sem escala para disputar hegemonia no município.
 
O TABULEIRO POLÍTICO
• Direita: hegemonia, voto pulverizado em várias siglas e capilaridade total.
• Esquerda: presença fiel, sustentada no PT, mas sem musculatura para competir em pé de igualdade.
O pleito de 2022 reforça o que já se sabe sobre Lagoa Vermelha: trata-se de um reduto majoritariamente conservador, mas onde a esquerda preserva um espaço sólido, ainda que minoritário, que segue dando voz e representatividade ao campo progressista

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