COLUNISTAS
Sugestões 29/08/2025
Como proposta, o Conselho da Agropecuária de Lagoa Vermelha apresentou um projeto entregue ao prefeito municipal, Sr. Gustavo Bonotto, e que também será encaminhado à Câmara de Vereadores. Nada mais justo do que torná-lo público à população regional, o que está sendo feito através da nossa Folha do Nordeste.
A finalidade é dar conhecimento do plano a todos e, ao mesmo tempo, incentivar a comunidade a participar com novas ideias.
Nossa região sempre se caracterizou pela produção primária, sobretudo após a exploração desenfreada e sem planejamento das essências florestais.
No início, a produção de grãos era voltada apenas ao consumo das propriedades, e somente pequenas sobras seguiam para o comércio.
Os campos férteis no verão e as matas, grandes fornecedoras de frutos no inverno, complementavam a alimentação dos rebanhos bovinos, suínos e equinos. Entre os frutos, destacava-se o pinhão.
Com o avanço da produção de grãos em escala comercial e mecanizada, campos foram lavrados e muitas árvores arrancadas. Da mesma forma que na exploração da madeira, repetiu-se a falta de planejamento: um grande rebanho, especialmente bovino, deixou de existir, acarretando também a perda de uma valiosa carga genética.
Nosso município e região têm todas as condições de permanecer como grandes produtores primários. Para isso, é necessário planejar o presente com responsabilidade, garantindo também o futuro. O consórcio entre agricultura e pecuária é tecnicamente o mais indicado e, na prática, o mais viável, pois uma atividade complementa a outra, aumentando a rentabilidade.
Com planejamento adequado, Lagoa Vermelha e região podem voltar a ter rebanhos bovinos, ovinos e suínos tão grandes ou até maiores que os de outras épocas, sem comprometer a produção de grãos.
Outro ponto essencial é lutar pela instalação de indústrias de transformação da produção primária. O produto industrializado agrega valor, cria empregos, gera impostos e fixa o homem no campo.
A produção de grãos em grande escala é tecnicamente eficiente, mas depende diretamente das oscilações dos preços internacionais. Diversificar a produção e estimular o consórcio entre agricultura e pecuária é o caminho mais seguro: seja no aproveitamento de subprodutos agrícolas em confinamentos de bovinos, seja na ampliação da produção leiteira.
Na agricultura em grande escala, observa-se ainda a necessidade de manter uma estrutura caríssima de máquinas e pessoal, que fica subaproveitada fora dos períodos de plantio e colheita. Isso encarece a produção e reforça a necessidade de complementariedade entre lavoura e pecuária.
A produção primária da região sobrevive, mas sem explorar todo o seu potencial. É preciso ampliar o planejamento, investir em assistência técnica robusta e garantir financiamentos acessíveis. Vale lembrar: a pequena propriedade é grande responsável por fixar o homem no campo, devendo receber atenção especial para produzir com lucro.
Entre as propostas apresentadas destacam-se incentivos para atrair indústrias ligadas ao setor primário; instalação de módulos para industrialização de leite, carne e conservas; criação de um matadouro; adequação para o SUSAF; e utilização de área no município de Lagoa Vermelha (antiga CORLAC) para sediar o projeto. As verbas para tais construções viriam do Governo do Estado e dos municípios da região. As instalações serviriam especialmente para industrializar produtos das pequenas propriedades e para aulas práticas dos alunos da Escola Técnica Desidério Finamor, além de agricultores locais, enquanto as aulas teóricas seguiriam na estrutura da escola.
Os interessados em aprender e produzir poderiam, inicialmente, processar seus produtos nessas instalações.
Quando capacitados, estariam aptos a abrir sua própria agroindústria em outro local de escolha. A produção inicial seria destinada à merenda escolar, e os municípios participantes poderiam criar postos de vendas para comercialização.
Exemplos comprovam a validade da proposta: o sucesso do queijo Canastra em Minas Gerais e do queijo Serrano aqui no Rio Grande do Sul. Também poderiam ser formados consórcios específicos para financiamentos.
Dessa forma, seriam solucionados entraves que hoje inviabilizam a produção de símbolos da tradição regional, como o churrasco e a linguiça campeira, devido às exigências sanitárias.
Com planejamento, é possível valorizar a tradição, gerar renda e garantir o futuro da agropecuária local.
Artigo publicado em 22/09/2017