COLUNISTAS
29/08/2025
DESEMPENHO ELEITORAL PARA CÂMARA FEDERAL
As eleições de 2022, em Lagoa Vermelha, trouxeram números reveladores sobre a capacidade de mobilização dos partidos no município. Ao observar a votação para deputado federal, é possível identificar não apenas os nomes mais lembrados, mas também o peso das siglas em um cenário de disputa marcado pela fragmentação e pelo predomínio de forças tradicionais. Vamos, na sequência, comentar o desempenho de algumas correntes no pleito passado. Os dados são relativos aos mais votados para a Câmara Federal.
PODEMOS: FORÇA CONCENTRADA EM UM NOME
O Podemos apresentou, em 2022, um desempenho significativo graças a um único candidato. Maurício Dziedricki (1.134 votos) foi o segundo mais votado do município, atrás apenas do líder absoluto Luis Antonio Covatti. Esse resultado demonstra que, mesmo sem tradição consolidada em Lagoa Vermelha, o Podemos conseguiu inserir um nome competitivo na pauta eleitoral local.
Entretanto, fora Dziedricki, a votação do partido diluiu-se: Maurício Bedin Marcon (364 votos), Jocimar Santos (59), Jeferson França (46) e até o ex-senador Lasier Martins (36) somaram pouco impacto. No total, foram 1.639 votos.
O desempenho do Podemos evidencia uma força circunstancial, dependente de figuras específicas, sem base orgânica local. Há um campo fértil para crescimento, desde que o partido consiga estruturar lideranças próprias em Lagoa Vermelha, transformando essa votação em capital político duradouro.
PDT: UM PARTIDO HISTÓRICO EM BUSCA DE REAFIRMAÇÃO
O PDT, historicamente relevante na política lagoense, não conseguiu mobilizar grandes volumes de votos em 2022. Sua principal representante, Juliana Brizola, obteve apenas 258 votos. Outros nomes da sigla, como Afonso Motta (170) e Darci Pompeo de Mattos (148), completaram a votação, somando, junto com demais candidatos, aproximadamente 624 votos no município.
Trata-se de um desempenho modesto, especialmente para um partido que já protagonizou disputas locais relevantes. O resultado sugere perda de conexão com o eleitorado ou, ao menos, falta de candidatos com forte apelo regional. O PDT parece viver de seu passado em Lagoa Vermelha, mas precisa encontrar novas estratégias para se manter competitivo, sobretudo diante de siglas que se apresentam com maior vitalidade no cenário atual.
PROGRESSISTAS: A HEGEMONIA CONSOLIDADA
Entre todos os partidos, o PP foi, disparadamente, o mais votado em Lagoa Vermelha para deputado federal. O nome de Luis Antonio Covatti alcançou a expressiva marca de 4.000 votos, um número quatro vezes maior do que o segundo colocado. Outros candidatos do partido, como Sérgio Turra (398) e Michele Wegler (151), reforçaram o quadro, elevando o total do PP para 4.652 votos.
O resultado confirma o predomínio histórico do Progressistas em Lagoa Vermelha, reforçando a ideia de fidelidade de um eleitorado que mantém laços sólidos com a sigla. A votação massiva em Covatti mostra não apenas a força individual do candidato, mas também a capacidade do PP de se manter como a principal referência política da cidade, sendo decisivo em articulações locais e regionais.
MDB: A TRADIÇÃO SEM O MESMO FÔLEGO
O MDB, um dos partidos mais tradicionais da política brasileira e também de Lagoa Vermelha, apresentou em 2022 um desempenho tímido na votação para deputado federal. O nome mais lembrado foi o de Márcio Biolchi (1520), que obteve 120 votos. Outros emedebistas, como Darci de Mattos (148), Alceu Moreira (83), Osmar Terra (34), Giovani Feltes (27) e Maria de Lourdes Sprenger (16), completaram um quadro de dispersão que somou cerca de 428 votos no município.
Para um partido que já exerceu forte protagonismo local e estadual, o desempenho evidencia um esvaziamento eleitoral em Lagoa Vermelha, com votos pulverizados entre diferentes nomes e nenhum grande destaque regional. O MDB parece não ter conseguido converter sua tradição em resultados práticos nas urnas de 2022, revelando a necessidade de renovação de lideranças e maior proximidade com as pautas locais.
PT: A BASE DE RESISTÊNCIA
O Partido dos Trabalhadores manteve uma votação consistente, ainda que modesta. Seu principal nome foi Dionilso Marcon (1355), com 792 votos, figurando entre os cinco mais votados em Lagoa Vermelha - um feito expressivo diante da polarização nacional e do peso das legendas mais tradicionais no município. Outros candidatos petistas tiveram votações menores, como Maria do Rosário (196), Paulo Pimenta (103), Elvino Bohn Gass (30) e Denise Pessoa (15), chegando a aproximadamente 1.181 votos no total.
Diferente do MDB, o PT conseguiu concentrar parte de seus votos em um nome forte, Dionilso Marcon, e manteve uma base eleitoral estável e identificada ideologicamente. Embora não tenha chegado perto dos números do PP, mostrou-se mais competitivo do que várias siglas tradicionais no município, figurando como força de resistência política. Esse desempenho indica que o partido possui eleitorado fiel em Lagoa Vermelha, mesmo em um ambiente onde predomina a centro-direita.
PL EM LAGOA: VOTO EXPRESSIVO, MAS SEM RAÍZES LOCAIS
O desempenho do Partido Liberal (PL) nas eleições de 2022 em Lagoa Vermelha, para deputado federal, revela um fenômeno curioso: a legenda conseguiu reunir um número expressivo de votos, mas de maneira pulverizada, sem ancoragem em lideranças locais. No total, o PL somou 1.895 votos, o que o coloca como a segunda sigla mais votada no município, atrás apenas do Progressistas (PP).
O grande destaque foi Ubiratan Sanderson, que alcançou 806 votos, seguido por Giovani Cherini, com 684. Juntos, os dois responderam por mais de três quartos da votação do partido. Outros nomes, como Ronaldo Nogueira (88), Franciane Bayer (60), Bibo Nunes (73), Antonio Gomes (68) e Eric Lins (40), tiveram desempenho residual, confirmando a característica de dispersão do eleitorado liberal.
O que esses números revelam é que o PL conseguiu captar, em Lagoa Vermelha, o eleitorado alinhado ao bolsonarismo e à direita mais identificada com o discurso nacional da legenda. Entretanto, falta identidade local. O partido não apresentou candidatos com vínculos diretos com a cidade, o que explica por que, apesar da boa votação, não há capital político estruturado dentro do município.
UNIÃO BRASIL: PRESENÇA DISCRETA
O desempenho do União Brasil nas eleições de 2022 em Lagoa Vermelha para deputado federal foi, no mínimo, discreto. A legenda, que nasceu da fusão entre DEM e PSL e tinha expectativa de ocupar espaço relevante no cenário nacional, não conseguiu traduzir essa dimensão em votos expressivos no município. Somando todos os seus candidatos, o partido obteve pouco mais de 300 votos, um número que o coloca em patamar secundário diante das principais siglas locais.
Entre os nomes mais lembrados pelos lagoenses estiveram Luiz Carlos Ghiorzzi Busato, com 222 votos, e Douglas dos Santos, com 47. Outros candidatos, como Heliomar Franco (14), Daiana de Oliveira Luz (14) e Renato Werlang (13), ficaram em patamares meramente simbólicos.
LEITURA CLARA
O União Brasil ainda não encontrou identidade eleitoral em Lagoa Vermelha. Seus números mostram que, apesar de carregar o peso de um grande partido no plano nacional, a legenda não conseguiu criar pontes com o eleitorado local. Diferente do PP, que tem raízes históricas, ou mesmo do PL, que captou votos no campo bolsonarista, o União Brasil pareceu desconectado da realidade política do município.
Esse resultado coloca a sigla em uma posição de fragilidade estratégica. Sem nomes de expressão regional ou municipal, o partido corre o risco de se tornar apenas um figurante no cenário eleitoral de Lagoa Vermelha, restrito a votações pontuais em lideranças de fora. Para se reposicionar, será fundamental investir em quadros locais, capazes de dialogar com as demandas da comunidade e disputar espaço com legendas já consolidadas. No balanço geral, o União Brasil foi, em 2022, um partido de presença marginal no município, sem protagonismo nem capilaridade. Um contraste com o que representa em âmbito nacional e uma evidência de que, em política, marca partidária sem enraizamento não se traduz em votos consistentes.
O RETRATO DAS URNAS EM 2022 NO MUNICÍPIO
Progressistas (PP): lideraram de forma incontestável, com 4.652 votos, sendo 4.000 apenas para Covatti. Mostram hegemonia histórica e fidelidade consolidada do eleitorado.
PL: segundo lugar em volume, com cerca de 1.895 votos, divididos entre Sanderson (806) e Cherini (684). Forte numericamente, mas ainda sem lideranças locais.
Podemos: somou 1.639 votos, puxados por Dziedricki (1.134). Força concentrada em um nome externo, sem base orgânica no município.
PT: manteve base ideológica, com 1.201 votos, destaque para Dionilso Marcon (792). Mostra resistência e eleitorado fiel mesmo em ambiente de centro-direita.
PDT: ficou em posição secundária, com 624 votos, espalhados entre vários nomes. Um partido histórico que precisa se reconectar ao eleitorado.
MDB: desempenho fraco, apenas 428 votos somados entre diferentes candidatos. Tradição não se converteu em força eleitoral em 2022.
União Brasil: ainda menor expressão, com pouco mais de 310 votos. Sem protagonismo nem capilaridade no município