COLUNISTAS
23/05/2025
VALE-ALIMENTAÇÃO PARA SECRETÁRIOS: ENTRE A VALORIZAÇÃO E A CRÍTICA POPULAR
A aprovação do projeto que concede vale-alimentação aos secretários municipais de Lagoa Vermelha, ocorrida na sessão ordinária da última segunda-feira, 19 de maio, movimentou os corredores do Legislativo e provocou reações diversas na sociedade. Votaram a favor os vereadores do PP, PL e Podemos. Foram contrários os parlamentares do PT e PDT. Durante e após a sessão, o clima foi de tensão, com bastidores marcados por debates acalorados.
A DECISÃO E SUA JUSTIFICATIVA
O presidente da Câmara, vereador Josmar Veloso, Progressistas, defendeu a medida como necessária para equilibrar as condições dos cargos comissionados de primeiro escalão. Segundo ele, os salários brutos dos secretários são, na prática, cerca de 27% superiores ao que é efetivamente recebido. “Há profissionais qualificados que não aceitariam deixar suas funções atuais para assumir um cargo de secretário com o salário que é pago hoje”, pontuou Veloso.
O presidente destacou ainda que os secretários cumprem jornadas muitas vezes além do expediente regular, incluindo noites e fins de semana, o que justificaria a concessão de um benefício adicional, comum em outras cidades do mesmo porte.
O ARGUMENTO DA GESTÃO EFICIENTE
Outro ponto defendido por Veloso é que a valorização dos cargos estratégicos na administração municipal pode ser uma aliada no combate à corrupção e na qualificação da gestão pública. Para ele, profissionais capacitados exigem condições mínimas de remuneração. “Não é privilégio, é uma forma de atrair bons quadros para um trabalho que exige dedicação integral”, frisou.
A OPOSIÇÃO REAGE
Apesar das explicações, os votos contrários do PT e PDT deixaram evidente que o projeto não foi consensual. Vereadores da oposição alegam que a proposta não foi suficientemente debatida com a comunidade e consideram inoportuna a ampliação de benefícios em um momento de dificuldades orçamentárias. Também argumentam que a imagem da política sofre com esse tipo de iniciativa, especialmente quando mal compreendida pela população.
IMPACTO POLÍTICO E PERCEPÇÃO SOCIAL
A repercussão popular é um fator que os vereadores da base aliada terão de enfrentar. Nas redes sociais e em grupos comunitários, a decisão gerou críticas, muitas vezes ligadas à sensação de distanciamento entre o que é decidido no plenário e o dia a dia da população. A própria comunicação institucional do projeto foi citada como falha, o que teria acentuado a polêmica.
REMANEJAMENTO SEM
AUMENTO DE GASTOS?
Além do vale-alimentação, a sessão também aprovou mudanças em cargos comissionados. Veloso garantiu que não há aumento de despesas, e sim ajustes legais para melhor adequação das funções. Ainda assim, esse tipo de medida costuma gerar desconfiança pública, especialmente quando votada em bloco com outras alterações salariais.
UM DEBATE QUE SEGUE
O episódio traz à tona a importância da transparência e do diálogo entre o poder público e a sociedade. Embora haja argumentos técnicos e administrativos que sustentem o projeto, a falta de sintonia na comunicação e o momento escolhido para sua votação contribuíram para acirrar os ânimos. A decisão foi tomada, mas os efeitos - políticos e sociais - ainda estão por vir.
PAULA CASTILHOS RESPONDE CRÍTICAS SOBRE SALÁRIO
Durante a sessão da Câmara de Vereadores de Lagoa Vermelha, realizada na segunda-feira (19), a vereadora Paula Castilhos (PT) respondeu de forma direta às menções sobre sua remuneração como servidora pública, feitas, segundo ela, em grupos de mensagens dos quais participa a vereadora Charise Bresolin (Progressistas).
Ao projetar o próprio contracheque no telão da Câmara, Paula reafirmou que seus vencimentos são públicos e resultado de mérito e formação. “Fiz faculdade, passei em concurso, tenho 12 anos de prefeitura, duas pós-graduações. O que eu ganho não é segredo. Está aí. Eu estudei, me preparei. Isso é meu, com orgulho”, destacou.
TRAJETÓRIA NA ADMINISTRAÇÃO E AÇÕES SOCIAIS
Paula frisou que parte significativa de sua renda é destinada a ações sociais. Segundo ela, já auxiliou pessoas no ingresso ao ensino superior e mulheres em situação de vulnerabilidade. “Quantas mulheres eu estou ajudando a se empoderar, porque eu acredito nisso”, afirmou. A vereadora destacou que seu salário na Câmara decorre da confiança da população que a elegeu e que, portanto, continuará atuando de forma transparente.
FALHAS NA SAÚDE E NA INFÂNCIA
A vereadora também apontou falhas graves na gestão pública, especialmente nas áreas da saúde e da proteção à infância. Relatou a constante falta de materiais básicos em unidades de saúde - como copos, papel toalha e papel higiênico - e disse que servidores, por vezes, levam esses itens de casa.
Paula criticou a ausência de políticas públicas eficazes para combater a exploração sexual infantil, mencionando que Lagoa Vermelha está entre as cidades com maior número de pontos mapeados de risco, mas não possui integração de dados entre Conselhos Tutelares de diferentes municípios. “Isso inviabiliza o acompanhamento dos casos e enfraquece a rede de proteção”, alertou.
MORADIA, VIOLÊNCIA E EXCLUSÃO
A vereadora relembrou o alagamento ocorrido em 2021 no bairro Rodrigues, onde famílias foram incluídas no programa de aluguel social. “Quase quatro anos se passaram, e nenhuma moradia definitiva foi construída. A administração não foi capaz de entregar uma casa sequer”, criticou. Ela também se posicionou contra um recente decreto que excluiu mulheres vítimas de violência doméstica do programa de aluguel social.
DESVALORIZAÇÃO DOS SERVIDORES
Outro ponto abordado foi a desvalorização de servidores públicos. Paula destacou que o piso do magistério não é pago integralmente, que faltam monitores nas escolas e que a reforma dos planos de carreira está sendo protelada há anos. “Temos operários que entregaram sua saúde física e mental ao município e continuam recebendo salários mínimos”, afirmou.
Ela também cobrou valorização dos profissionais ligados à primeira infância e dos visitadores do programa Primeira Infância Melhor (PIM), alegando que o município continua pagando o mínimo, mesmo com recursos disponíveis dos governos federal e estadual.
FALTA DE INVESTIMENTO HABITACIONAL E ESTRUTURA
A vereadora criticou o fato de Lagoa Vermelha estar há oito anos sem projetos habitacionais. Segundo ela, os servidores que ingressam por concurso frequentemente deixam seus cargos por conta das condições precárias de trabalho e da baixa remuneração. “Quem fica, fica por amor. Mas isso não é suficiente para sustentar um serviço público de qualidade”, lamentou.
DECEPÇÃO, MAS DISPOSIÇÃO PARA ELOGIAR O QUE É CERTO
Encerrando sua fala, Paula Castilhos disse que gostaria de poder elogiar a administração, mas que, diante das falhas relatadas, não seria coerente fazê-lo. Reafirmou sua disposição em reconhecer avanços futuros, mas pediu que a população não esqueça das decisões tomadas na sessão. “Hoje, infelizmente, eu vou para casa decepcionada. Mas sigo comprometida com a população de Lagoa Vermelha”, finalizou.
KRAMER DEFENDE A GESTÃO E REBATE CRÍTICAS NA TRIBUNA
Durante a sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Lagoa Vermelha, o vice-presidente da Casa, vereador Luiz Carlos Kramer (Progressistas), fez um pronunciamento enfático em defesa da administração municipal, rebateu críticas da oposição e apontou avanços na área da saúde pública, especialmente no que se refere ao atendimento pediátrico.
PEDIATRAS NA REDE PÚBLICA: “NUNCA TEVE TANTO”
Ao responder manifestações anteriores, Kramer questionou as reclamações sobre a falta de pediatras no município. Segundo ele, todos os profissionais da área atuam hoje na rede pública de saúde. “Nunca teve, no passado, a quantidade de pediatras que existe hoje em Lagoa Vermelha”, afirmou, esclarecendo que os contratos firmados são de 20 horas e que, após esse período, os médicos seguem para seus consultórios particulares. O parlamentar classificou como irreal a expectativa de que haja pediatras disponíveis 24 horas por dia e sustentou que o atendimento na área está “muito bem suprido”.
AVANÇOS NA ESTRUTURA DE SAÚDE
Kramer citou como conquista da atual gestão a ampliação do horário de atendimento no Postão de Saúde, destacando que a estrutura do local foi significativamente melhorada. “No passado, às 17h30 fechava tudo. Hoje temos atendimento estendido, com médico à noite”, lembrou. Também adiantou que a construção de uma nova Estratégia de Saúde da Família (ESF) no bairro São Sebastião deverá iniciar em breve, na antiga sede da Cíntia. Para ele, esse tipo de investimento demonstra que a administração está se adequando ao crescimento da cidade e planejando o futuro.
CRÍTICAS A PROJETOS DE GESTÕES ANTERIORES
O vereador também usou a tribuna para criticar construções passadas de unidades de saúde que, segundo ele, foram feitas sem previsão de expansão. “Tem ESF em Lagoa Vermelha que não dá para aumentar meio metro”, ironizou. Kramer reforçou que a população deve ser atendida por regiões, e que é inadequado transferir usuários de um bairro para outro, como defendem alguns opositores. “Falta visão, falta gestão de verdade. Eles falam tanto em gestão, mas eu não sei o que entendem por isso”.
RECADO À OPOSIÇÃO: “NÓS VENCEMOS NAS URNAS”
Em tom firme, o vice-presidente lembrou que os vereadores da base também foram eleitos pelo povo e conquistaram ampla maioria na atual legislatura. “Demos um show em vocês. Foram 8 a 3. Nós também fomos eleitos e competimos na eleição”, disparou, ao rebater críticas de parlamentares.
CASO DOS ANIMAIS E A POLÊMICA DOS CHIPS
Relembrando outro episódio, Kramer comentou a acusação que sofreu no passado de ser “inimigo dos animais” por votar contra o projeto que previa chipagem obrigatória de cães e adaptações em residências. “Queriam obrigar a população a cercar suas casas com muro e tela. Como é que a população de Lagoa ia fazer isso?”, questionou. Segundo ele, o projeto era inviável e beneficiaria interesses comerciais ligados à venda dos chips, gerando prejuízo para quem investiu esperando retorno.
RELAÇÃO COM O PÚBLICO E AÇÃO POLÍTICA
O vereador também criticou manifestações organizadas por setores da oposição e seus apoiadores. Disse que os presentes no plenário eram em sua maioria “as mesmas pessoas de sempre” e que tentam dar ares de mobilização popular a movimentos pequenos. “Convocaram, fizeram alarido, e quantas pessoas estavam aqui? Quantas representam realmente a população de Lagoa Vermelha?”, questionou. Também cobrou respeito às regras do plenário, criticando reações da plateia durante os pronunciamentos.
APOIO À ADMINISTRAÇÃO MORONA
Finalizando, Luiz Carlos Kramer reafirmou confiança na administração do prefeito Eloir Morona, Progressistas e do vice Alessandro Muliterno, Podemos, defendendo que a gestão está “traçando metas com responsabilidade”. Disse que pressões políticas e ameaças eleitorais não o intimidam e voltou a criticar, com veemência, adversários políticos ligados ao governo federal. “Vergonha é assaltar os aposentados. Isso é que é vergonha. Mandem recado para o chefe de vocês”, concluiu.