COLUNISTAS
02/05/2025
ELEIÇÕES 2026: O XADREZ ELEITORAL
Embora o pleito que elegerá presidente da República, senadores, deputados federais e estaduais ocorra apenas em outubro de 2026, os bastidores da política gaúcha e nacional já estão em plena ebulição. Já mencionamos isto em outra coluna. Em Lagoa Vermelha, esse movimento também é percebido: visitas, articulações e os primeiros compromissos sendo firmados nos bastidores.
Parlamentares que buscarão reeleição já circulam pela região, atentos ao fato de que apoios se costuram com antecedência, especialmente em cidades com peso eleitoral estratégico como Lagoa Vermelha.
FEDERAÇÕES E FUSÕES: CENÁRIO
PARTIDÁRIO GANHA NOVO DESENHO
Entre as transformações que reconfiguram o mapa partidário está a formação da federação entre Progressistas (PP) e União Brasil, com validade de quatro anos. Em Lagoa Vermelha, essa união se dá de forma natural: o PP comanda o Executivo municipal e conta com o apoio do União Brasil, liderado localmente por João Cesar Alves Moreira.
Já a fusão entre Podemos e PSDB terá consequências mais profundas. Com a criação de uma nova legenda - cuja denominação será definida em convenção nacional - o atual vice-prefeito Alessandro Muliterno (Podemos) e lideranças ligadas ao PSDB, como o ex-vereador Pedro Macari, precisarão reposicionar-se dentro de uma nova estrutura.
RONALDO SANTINI ENTRE
AS ARTICULAÇÕES
Outro nome atento a essas movimentações é o deputado estadual lagoense Ronaldo Santini, atual secretário do Turismo no governo gaúcho. Com a fusão de seu partido, o Podemos, e a perspectiva de que o governador Eduardo Leite (PSDB) migre para o PSD, o próprio Santini pode vir a integrar um novo projeto político. O PSD, aliás, é a sigla da ex-senadora e também lagoense Ana Amélia Lemos, figura de influência estadual e nacional.
COMO VOTOU LAGOA VERMELHA
PARA DEPUTADO FEDERAL EM 2022
Os dados da eleição de 2022 mostram como o eleitor lagoense distribuiu seus votos para deputado federal, revelando preferências partidárias, nomes consolidados e algumas surpresas. A seguir, os vinte mais votados no município, acompanhados de análises pontuais.
DOMÍNIO DO PROGRESSISTAS
Luis Antonio Covatti (PP) foi o campeão de votos em Lagoa Vermelha, com expressivos 4.000 votos. O resultado confirma a força do Progressistas, que comanda o Executivo municipal e mantém presença política constante. Outro nome da sigla, Sérgio Turra, somou 398 votos, enquanto Michele Wegler também aparece na lista com 151 votos, reforçando o bom desempenho da legenda.
PODEMOS TAMBÉM SE DESTACOU
Maurício Dziedricki (Podemos) foi o segundo mais votado, com 1.134 votos, seguido por Maurício Marcon, também do Podemos, com 364 votos. O partido, que integra a atual gestão municipal com o vice-prefeito Alessandro Muliterno, mostra capilaridade no eleitorado local e tende a crescer com a futura fusão com o PSDB.
PEDRO MACARI E O LEGADO DO PSDB
Pedro Macari (PSDB) recebeu 865 votos, ficando entre os três mais votados. Mesmo sem exercer mandato atualmente, Macari ainda representa o legado do PSDB em Lagoa Vermelha, partido que deixará de existir como sigla própria após a fusão.
PL APARECE COM DOIS NOMES
ENTRE OS DEZ
O PL teve votação significativa: Ubiratan Sanderson (806 votos) e Giovani Cherini (684 votos). O partido tem atraído eleitores com discurso de direita e poderá ser uma força em ascensão, dependendo das articulações até 2026.
PT: BASE
CONSOLIDADA
Dionilso Marcon (PT) somou 792 votos, sendo um dos nomes com melhor desempenho da esquerda no município. Maria do Rosário também apareceu, com 196 votos, indicando uma base petista ativa, embora discreta.
A FORÇA DA NOVA DIREITA
Marcel Van Hattem (Novo), com 481 votos, mostrou que o discurso liberal e conservador tem espaço em Lagoa Vermelha. Seu desempenho supera candidatos de siglas mais tradicionais, mesmo com estrutura menor.
PSD E A LIGAÇÃO COM ANA AMÉLIA
Luciano Azevedo (PSD) conquistou 399 votos. O PSD é a sigla da ex-senadora Ana Amélia Lemos, uma das personalidades políticas mais respeitadas do estado. Com a possibilidade de receber figuras como Eduardo Leite, o partido pode ganhar ainda mais força regional.
PDT E O DESAFIO DE
RECUPERAR TERRENO
Com Juliana Brizola (258 votos), Afonso Motta (170 votos) e Darci de Mattos (148 votos), o PDT aparece em posições inferiores. A legenda, que já teve expressão maior em Lagoa Vermelha, vive um momento de reestruturação, embora nomes locais tradicionais ainda estejam filiados.
DEMAIS PARTIDOS: PRESENÇA DISCRETA
Luiz Carlos Busato (União Brasil) obteve 222 votos, Any Ortiz (Cidadania), 215, Luciano Zucco (Republicanos), 186, e Fernanda Melchionna (PSOL), 126 votos. Esses nomes refletem um eleitorado mais pulverizado, sem grandes concentrações de apoio.
UM ELEITORADO PLURAL
A lista dos mais votados evidencia que o eleitor de Lagoa Vermelha é plural e atento às articulações estaduais e federais. Embora o Progressistas lidere com folga, há espaço para a disputa entre partidos de centro-direita, como o PL e o PSD, e um campo progressista ainda relevante.
O que se verá em 2026 será não apenas a repetição de nomes, mas também a consequência das federações, fusões e novas lideranças. E Lagoa Vermelha, mais uma vez, será palco dessa movimentação.
RETROSPECTIVA: LAGOENSES
NAS ELEIÇÕES DE 2018
As eleições de 2018 marcaram uma participação significativa de candidatos naturais de Lagoa Vermelha nas disputas para a Assembleia Legislativa e para a Câmara dos Deputados. Embora nenhum deles tenha se eleito, os resultados revelam expressivas votações locais, demonstrando engajamento comunitário e capital político de nomes ligados à cidade.
RONALDO SANTINI FOI O MAIS
VOTADO ENTRE OS LAGOENSES
Concorrendo a deputado federal em 2018 pelo PTB, Ronaldo Santini obteve 6.598 votos em Lagoa Vermelha, alcançando 44% dos votos válidos para o cargo no município. Foi, disparadamente, o mais votado entre os candidatos locais e demonstrou uma base consolidada, que se manteve também no pleito seguinte.
PEDRO MACARI: DESTAQUE
ENTRE OS FEDERAIS
Também concorrendo a deputado federal, em 2018, mas pelo Democracia Cristã (DC), Pedro Macari recebeu 1.228 votos em sua cidade natal, representando 8,19% do total de votos válidos para deputado federal em Lagoa Vermelha. O ex-vereador demonstrou força regional, especialmente considerando a estrutura mais modesta do seu partido à época.
DISPUTA ESTADUAL TEVE
TRÊS CANDIDATOS LOCAIS
Na corrida por uma vaga na Assembleia Legislativa, em 2018, três nomes ligados a Lagoa Vermelha se apresentaram:
• Tobias Sorgato (DC) - 991 votos (7,16%)
• Dolzan (PSDB) - 596 votos (4,31%)
• André Oliveira (PCdoB) - 449 votos (3,25%)
Os números, embora não suficientes para eleger nenhum dos postulantes, demonstram potencial de engajamento local e uma disputa equilibrada entre os concorrentes. Tobias liderou a votação entre os estaduais, ficando à frente de dois partidos mais tradicionais, como PSDB e PCdoB.
A LUTA PELO ESPAÇO POLÍTICO
A eleição de 2018 revelou que há espaço e apoio para nomes locais, mas que a viabilidade eleitoral de um candidato de Lagoa Vermelha ao parlamento ainda depende de alianças regionais mais amplas e da força das siglas partidárias. A experiência acumulada naquele pleito serviu de base para reposicionamentos políticos nas eleições seguintes, especialmente no caso de Ronaldo Santini, que viria a ser eleito deputado estadual em 2022.
MACARI: ESTREIA NO DC E
CAMINHO PARA O PSDB
Nas eleições de 2018, Pedro Macari estreou como candidato a deputado federal pelo Democracia Cristã (DC), legenda de pouca expressão no estado. Mesmo assim, surpreendeu ao obter 1.228 votos em Lagoa Vermelha, ficando entre os mais votados no município. Em 2022, já filiado ao PSDB, Macari voltou à disputa para deputado federal e conquistou 865 votos locais. A mudança mostra sua tentativa de se reposicionar no espectro partidário tradicional, buscando maior visibilidade estadual, embora sem mandato atualmente.
SANTINI: VOTAÇÃO ESTÁVEL,
MESMO COM TROCA DE CARGO E PARTIDO
Já Ronaldo Santini tem uma marca rara na política: manteve praticamente a mesma votação em Lagoa Vermelha nos dois últimos pleitos, mesmo trocando de partido e cargo. Em 2018, pelo PTB, obteve 6.598 votos para deputado federal. Em 2022, pelo Podemos, recebeu 6.306 votos para deputado estadual. O dado mostra uma base consolidada e fiel, algo que poucos políticos conseguem manter ao longo de eleições consecutivas - especialmente em um cenário de mudanças partidárias.